sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Eurípedes
Eurípides
Foi proposta a fusão deste artigo ou secção com: Eurípedes.
Nota: Para outros significados de Eurípides, ver Eurípides (desambiguação).
EurípidesEurípides (c. 480 a.C. - 406 a.C.) foi o mais jovem dos três grandes expoentes da tragédia grega clássica.
Embora premiado poucas vezes (cinco) nos concursos trágicos de Atenas (Dionísias Urbanas, Lenéias), (apesar de ter escrito cerca de 92 peças), no final do século V a.C., desfrutou de grande popularidade nos séculos subseqüentes,é atualmente muito mais popular que Ésquilo ou Sófocles. Os recursos dramáticos que utilizou em suas tragédias, notadamente as posteriores a 420 a.C., influenciaram diversos gêneros dramáticos posteriores, entre eles a "Comédia Nova", o drama (e também o melodrama) e a novela.
Nascido em 480 a.C., perto de Atenas, Eurípedes foi desde a sua juventude um poeta mal compreendido.
Apresentou as suas primeiras tragédias na Grande Dionisíaca de 445 a.C., mas só venceu a primeira competição em 441 a.C.
A atracção moderna por Eurípedes vem sobretudo da sua atitude perante a vida que é muito mais semelhante à atitude dos dias de hoje, do que a dos seus contemporâneos.
As suas peças não são acerca dos deuses ou a realeza, mas sobre pessoas reais. Colocou em cena camponeses ao lado de príncipes e deu igual peso aos seus sentimentos. Mostrou-nos a realidade da guerra, criticou a religião, falou dos excluídos da sociedade: as mulheres, os escravos e os velhos.
Em termos dramatúrgicos Eurípedes adicionou o Prólogo à peça, no qual “situa a cena” (apresenta o que se vai passar). E criou também o “deus ex machina” que servia muitas vezes para fazer o final da peça.
As peças de Eurípedes estão pejadas do realismo mais pungente, como a cena anti-guerra de As Troianas, na qual uma avó chora pelo facto de ter sobrevivido à filha e ao neto.
Ao longo da sua vida, Eurípedes foi considerado quase um marginal e foi frequentemente satirizado nas comédias de Aristófanes.
No final da vida, talvez desiludido com a natureza humana, viveu recluso rodeado de livros e morreu em 406 a.C., dois anos antes de Sófocles.
O enredo de suas tragédias foi muitas vezes aproveitado por dramaturgos modernos, como Racine, Goethe e Eugene O'Neil.
Obras sobreviventes
Apenas uma fração da imensa obra de Eurípides logrou chegar aos nossos dias.
[editar] Tragédias
Alceste (438 a.C., segundo prêmio)
Medéia (431 a.C., terceiro prêmio)
Os Heráclidas (c. 430 a.C.)
Hipólito (428 a.C., primeiro prêmio)
Andrômaca (c. 425 a.C.)
Hécuba (c. 424 a.C.)
As Suplicantes (c. 423 a.C.)
Electra (c. 420 a.C.)
Héracles (c. 416 a.C.)
As Troianas (415 a.C., segundo prêmio)
Ifigênia em Táuris (c. 414 a.C.)
Íon (c. 413 a.C.)
Helena (412 a.C.)
As Fenícias (c. 410 a.C., segundo prêmio)
Orestes (408 a.C.)
As Bacantes e Ifigênia em Áulis (405 a.C., póstumas, primeiro prêmio)
[editar] Drama satírico
O Ciclope (data desconhecida)
[editar] Drama apócrifo
Esta tragédia, de acordo com a maior parte dos eruditos modernos, não é de Eurípides, e sim de um tragediógrafo anônimo do século IV a.C..
Eurípedes
Pouco se sabe da origem de Eurípedes. Acredita-se que ele era filho de um mercador de legumes e que viveu entre os anos de 485 a.C. a 406. Eurípedes é considerado por muitos como o homem que revolucionou a técnica teatral.
Ele não tinha a mesma preocupação com o destino como tinha Ésquilo e os seus personagens não eram heróis, como os inspirados nas obras de Homero. Eurípedes tentou mostrar o homem como ele realmente é, ou seja, quase sempre perverso e fraco.
Sobreviveram ao tempo muito mais obras de Eurípedes do que dos outros autores trágicos. Isso aconteceu porque, apesar de Eurípedes não obter muito sucesso junto ao seu povo, pois poucas vezes conseguiu vencer os concursos que participou, sua obra, por abordar temas petéticos e idéias abstratas, foi muito apreciada no século IV.
Devido a essa preferência é possível a elaboração de uma lista de obras com datas quase precisas, são elas: Alceste(438), Medéia(431), Hipólito(428), Hécuba, Os Heráclidas, Andrômaca, Héracles, As suplicantes, Íon, As troianas(415), Eletra, Ifigênia em Táurida, Helena(412), As fenícias, Orestes (408), As bacantes, Ifigênia e Áulis, Ciclope (com data desconhecida). A obra Média, uma das mais conhecida entre nós, é um drama de amor e paixão. E essa é a grande diferença que existe entre as obras de Eurípedes e as de Ésquilo e Sófocles. Na obra de Ésquilo o amor é praticamente nenhum. Em Sófocles ele geralmente fica em segundo plano. No entanto, em Eurípedes ele é essencial e chega às últimas conseqüências, ou seja, a vingança e a morte. Em Eurípedes ainda encontramos a loucura, que pode ser vista na obra Héracles.
Eurípedes
31 pensamentos de Eurípedes
Na riqueza nunca faltam os amigos.
O homem poderoso que junta a eloquência à audácia torna-se num cidadão perigoso quando lhe falta bom senso.
Posso dizer, pois, que os mortais alheios / ao casamento e à procriação / desfrutam de maior felicidade que os pais e mães.
O dinheiro é a religião do homem de bom senso.
O tempo não se ocupa em realizar as nossas esperanças: faz o seu trabalho e voa.
Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então guarda silêncio.
O homem superior é o que permanece sempre fiel à esperança; não perseverar é de poltrões.
A minha língua jurou, o meu coração não.
O sofrimento é a lei de ferro da Natureza.
A minha mãe gerou-me infeliz. / Invejo os mortos, amo-os ardentemente, / aspiro a morar em suas casas.
Portanto, hipocritamente os velhos invocam a morte, / e criticam a velhice e a longa duração da vida: / quando a morte se aproxima, ninguém quer / morrer, a velhice não pesa mais.
Fala como sábio a um ignorante e este te dirá que tens pouco bem senso.
O tempo dirá tudo à posteridade. É um falador. Fala mesmo quando nada se pergunta.
A felicidade é igual, quer se encontre numa pessoa rica quer numa de condição humilde.
Quando o amor excede, não traz aos homens nem honra nem virtude.
Quem quer que ceda por necessidade é um homem sábio que conhece o divino.
O que é a abundância ? Um nome, nada mais; ao sensato basta o necessário.
As palavras da verdade são simples.
Sede felizes; os amigos desaparecem quando somos infelizes.
Um amigo seguro revela-se na adversidade.
tudo cede o seu lugar e desaparece.
Os que de uma situação desafogada caem num estado de penúria que lhes é estranho, esses, sofrem mais cruelmente do que quem foi sempre miserável.
A sorte combate sempre do lado do prudente.
Há uma espécie de pobreza espiritual na riqueza que a torna semelhante à mais negra miséria.
=
Eis o melhor conselho para um homem razoável: não acredites numa mulher, ainda que ela esteja a dizer a verdade
Eurípedes
Eurípedes (Salamina c. 485 a.C. - Pela, Macedônia, 406 a.C.). Poeta e teatrólogo trágico grego, autor da peça Medéia.
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"A companhia de um homem justo e idôneo é melhor que riqueza e uma propriedade rica."
"O tempo vai explicar tudo. Ele é um conversador, e não necessita de questionamento antes que ele fale."
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"Não desperdice lágrimas frescas sobre problemas velhos."
"Doce é a lembrança dos problemas quando você está seguro."
- Andromeda
"Inteligência não é sabedoria."
"Nada tem mais força que uma necessidade medonha."
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"Deus ajuda a quem se esforça arduamente."
"Em caso de divergências, nunca se atreve a julgar até que você tenha ouvido o outro lado."
- Heraclidae (c 428 BC); citado por Aristófanes em The Wasps.
"Não deixe a pedra desvirada."
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"Ó mulher, nobreza é vossa, e a tua forma é o reflexo da tua natureza!"
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"Autoridade nunca é sem ódio."
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"Dizem que presentes persuadem até os deuses."
- Medea,
"Um mau começo faz um mau fim."
- Melanippe the Wise (fragmento)
"O amor é tudo que temos, o único caminho pelo qual um pode ajudar o outro."
- Orestes (408 a.C.)
"Escravo é aquele que não pode dizer o que pensa".
- The Phoenician Women (c.411-409 a.C.)
"Não olhes para longe, despreocupando-se do que tens perto".
- Rhesus ( c . 435 a.C.) linha 482
Atribuídas
"Todo aquele que encobre a própria injustiça debaixo do manto lustroso da eloqüência merece um grande castigo."
"Projetos conjuntos têm mais chance de sucesso quando se beneficiam de ambos os lados."
"Sem vinho não há amor."
"Os que de uma situação desafogada caem num estado de penúria que lhes é estranho, esses, sofrem mais cruelmente do que quem foi sempre miserável."
"Aquele que pára um só dia de injuriar as mulheres é um coitado que merece ser chamado de bobo".
"Deus enlouquece primeiro aqueles a quem quer destruir".
"É mais fácil dar conselhos do que suportar com ânimo a adversidade". [
"Excesso de fervor onde indiretas funcionariam ofende".
"Não há vento que semeie sempre a tempestade".
"Ninguém pode manter a sorte imóvel e fazê-la durar".
"O homem que criou a idéia de Deus foi um sábio".
"É sempre possível aprender alguma sabedoria com um sábio."
"O maior patrimônio do homem é uma esposa amorosa".
"Seja sensato com um tolo e ele te chamará de imbecil". [
"Quem sabe dizer se a vida não é morte, ou se a morte não é vida?"
Eurípedes
O homem barbado que vivia com seus livros numa caverna na ilha de Salamina era um estranho entre os homens de seu tempo. Dizia-se de Eurípides que passava dias inteiros sentado, a meditar, desprezava o lugar comum e era melancólico, reservado e insociável.
Nos cinqüenta anos de teatro, durante os quais escreveu noventa e duas peças, conquistou apenas cinco prêmios, sendo o quinto concedido após sua morte. Permanente alvo dos poetas cômicos, especialmente de Aristófanes, tornou-se objeto das mais desenfreadas calúnias e zombarias.
Julgado por impiedade deixou Atenas totalmente desacreditado. A corte macedônia do rei Arquelau honrou-o. Mas apenas uns dezoito meses depois veio tragicamente a falecer. Eurípides é o exemplo clássico do artista incompreendido.
Sócrates colocava-o acima de todos os outros dramaturgos e jamais ia ao teatro senão quando Eurípides tinha uma de suas peças encenadas. Sófocles respeitava seu colega-dramaturgo, ainda que não aprovasse seu realismo.
A estória de Eurípides é a de um homem que estava fora de sintonia com a maioria. Era um livre-pensador, humanitário e pacifista num período que se tornou cada vez mais intolerante e enlouquecido pela guerra.
Se Eurípides era um acirrado crítico de seu tempo, podia contudo, assinalar com justiça que não fora ele quem mudara e sim Atenas. Rica, poderosa e cosmopolita em virtude de seu comércio e imperialismo, a Atenas de sua juventude ofereceu o solo adequado para a filosofia liberal que mais tarde experimentou dias tão negros.
Eurípides esteve estreitamente ligado à religião que mais tarde questionaria com tão ingrata perseverança. Foi um dos muitos livres-pensadores da Europa, criados numa atmosfera religiosa. Talvez uma certa ligação com religião seja sempre pré-requisito para o agnosticismo ativo.
Eurípides permaneceu suscetível aos valores estéticos da adoração religiosa até o fim de seus dias. Seu fascínio como dramaturgo está nesse dualismo entre o pensamento e a fantasia, entre emoção e a razão.
Os sofistas, que questionavam todas as doutrinas e ensinavam a hábil arte do raciocínio, o enfeitiçaram para sempre. Vário pensadores não convencionais que expunham diversas doutrinas racionalistas e humanistas imbuíram Eurípides de um apaixonado amor pela verdade racional. Foi a partir deles que o primeiro dramaturgo "moderno" desenvolveu o hábito do sofisma em seu diálogo e adotou uma perspectiva social que sustentava a igualdade de escravos e senhores, homens e mulheres, cidadãos e estrangeiros.
Quando Atenas se empenhou na luta de vida ou morte com a Esparta antiintelectual, provinciana e militarista, acorreu em sua defesa não apenas como soldado mas também como propagandista que exaltava seus ideais.
Prolongando-se a guerra com Esparta e sofrendo Atenas derrota após derrota, o povo perdeu a predisposição para a razão e tolerância. Péricles, o estadista liberal, viu sua influência desaparecer, foi obrigado a permitir o exílio de Anaxágoras e Fídias e chegou mesmo a sofrer um impeachment. Um a um, Eurípides viu seus amigos e mestres silenciados ou expulsos da cidade.
Em meio a esses acontecimentos, Eurípides continuou a escrever peças que mantiam em solução os ensinamentos dos exilados, sendo pessoalmente salvo do banimento em parte porque suas heresias eram mais expressas por suas personagens que por ele mesmo e em parte porque o dramaturgo apresentava sua filosofia num molde tradicional. Em aparência era mais formal que o próprio Ésquilo.
O ateniense comum era abrandado por um final convencional, as sutilezas da peça podiam escorregar por suas mãos e seus sentidos exitavam-se com as doces canções e músicas. Euripides pôde continuar em Atenas por longo tempo mesmo sendo considerado com suspeita e suas peças recebendo normalmente o segundo ou terceiro lugar dos vigilantes juizes do festival de teatro.
A estrutura artística desigual e muitas vezes enigmática de seu trabalho prova que foi grandemente cerceado por essa necessidade de estabelecer um compromisso com o público inamistoso. Suas peças freqüentemente têm dois finais: um inconvencional, ditado pela lógica do drama e outro convencional, para o povo, violando a lógica dramática.
Se algumas vezes Eurípides comprou sua liberdade intelectual às custas da perfeição, a compra foi uma barganha em termos de evolução dramática. Enquanto brincava de cabra-cega com seu público, conseguiu criar o mais vigoroso realismo e a crítica social da cena clássica. O povo simples começou a aparecer em suas peças e seus heróis homéricos eram freqüentemente personagens anônimos ou desagradáveis. Outras personagens homéricas com Electra e Crestes são até hoje casos caros à clinica psiquiátrica. Eurípides e o primeiro dramaturgo a dramatizar os conflitos internos do indivíduo sem atribuir a vitória final aos impulsos mais nobres.
A obra de Eurípides constitui, sem dúvida alguma, o protótipo do moderno drama realista e psicológico.
Eurípides poderia sem dúvida Ter continuado a criar poderosos dramas pessoais ad infinitium. Mas a vida tornava-se cada vez mais complicada para um pensador humanista. Em 431, ano de Medéia, Atenas entrou em sua longa e desastrosa guerra com Esparta. Não era momento para um homem como Eurípides preocupar-se com problemas predominantemente pessoais.
Por certo, ao envelhecer, Eurípides pouco fez para granjear a favor de seus concidadãos. Na verdade, atormentavam-no ainda mais do que ao tempo em que escrevia seus mais amargos dramas sociais. Foi declarado blasfemo e sofista. Segundo o poeta cômico Filodemo, Eurípides deixou Atenas porque quase toda a cidade "divertia-se às suas custas".
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