sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
POLÍBIO
Políbio
Políbio (Museu Nacional da Civilização Romana, Roma)Políbio (em grego, Πολύβιος - Polýbios, na transliteração) - c. 203 a.C. em Megalopolis, Peloponeso - † 120 a.C., na Grécia -, também conhecido por Polibius, foi um geográfo e historiador grego, famoso pela sua obra Histórias, cobrindo a história do mundo Mediterrâneo no período de 220 a.C. a 146 a.C.. É-lhe também atribuída a invenção de um sistema criptográfico de transliteração de letras em números.
Biografia
Políbio nasceu na cidade de Megalópolis, no Peloponeso, Grécia, entre os anos de 203 a.C. e 201 a.C., fazendo parte da nobreza da sua cidade natal. Ingressou aí na actividade política, devotando-se à defesa da independência da Liga da Aqueia. Chegou a ser eleito hiparco (comandante de cavalaria) do exército federal da Liga, e encaminhava-se para uma brilhante carreira política que foi subitamente interrompida.
Perseu da MacedóniaQuando da Terceira Guerra da Macedónia (171 a.C. - 168 a.C.), que opôs Roma a Perseu da Macedónia, Políbio liderou a defesa da neutralidade da Aqueia naquele conflito. Contudo, não conseguiu conquistar a confiança romana, o que derrotou as intenções de neutralidade da Liga. Em consequência, os romanos decidiram levar 1000 nobres da Aqueia como reféns para Roma em 167 a.C., forçando-os a permanecer no exílio durante 17 anos. Entre estes reféns encontrava-se Políbio.
Sendo um homem culto, em Roma teve a oportunidade de ser preceptor do jovem Cipião Africano, futuro herói da Terceira Guerra Púnica, estabelecendo laços que os ligariam durante toda a vida.
Apesar de em 150 a.C. ter obtido, por intercessão de Cipião, a possibilidade de regressar à Aqueia, parece ter previsto o choque inevitável das pretensões de independência da Liga e dos desejos romanos de submissão incondicional, e decidiu acompanhar Cipião, como conselheiro informal, nas suas campanhas na Numância e na guerra contra Cartago. Assim, presenciou a destruição de Cartago, legando à posteridade um relato presencial dos acontecimentos.
Deve-se a Políbio o registo da estela que num templo de Cartago descrevia a viagem de Hanno e de diversas informações que permitiram preservar, embora de forma ténue, o legado cultural púnico.
No mesmo ano a cidade de Corinto foi destruída e a romanização da Grécia atingia o seu auge. Neste contexto, Políbio regressou à Grécia, tendo-se dedicado, dadas as suas ligações à elite romana, a tentar minorar a dureza do jugo romano sobre as cidades gregas. Foi-lhe confiada a missão de nelas introduzir a governação romana, tarefa em extremo difícil e delicada, mas da qual se houve por forma a obter o reconhecimento de ambas as partes.
Alguns anos depois voltou a Roma, tendo-se dedicado aos seus trabalhos históricos, nos quais a proximidade à elite governante de Roma, e a sua cultura, fizeram de Políbio um observador privilegiado da política e cultura romanas. No âmbito desses trabalhos, empreendeu diversas viagens, procurando observar em primeira mão os lugares e o cenário dos eventos que descrevia na sua história.
Procurando obter rigor na descrição histórica, entrevistou veteranos das guerras que descreveu, procurando obter informação presencial dos eventos mais recentes. Através da sua influência em Roma, obteve acesso privilegiado aos arquivos públicos, tendo cuidadosamente compulsado as fontes documentais existentes.
Após a morte de Cipião, retornou à Grécia, onde faleceu aos 82 anos na sequência de ter caído de um cavalo.
Atribui-se a Políbio a invenção de um sistema crpitográfico que permite com facilidade transformar letras em números e, através de uma chave numérica simples, recriar o texto inicial. Este sistema simples de criptografia foi usado até ao século XIX.
Os trabalhos de Políbio tiveram grande influência sobre diversos pensadores e políticos, nomeadamente Cícero e Montesquieu, e serviram de fonte a múltiplos historiadores posteriores, entre os quais Tito Lívio.
De acordo com a tradição grega de valorizar o testemunho contempoirâneo e a História recente, nos seus escritos Políbio narra preferencialmente os acontecimentos da sua própria geração e da imediatamente anterior. É um dos primeiros historiadores a encarar a História como uma sequência lógica de causas e efeitos. A sua obra baseia-se numa cuidadosa análise crítica das fontes existentes e da tradição, descrevendo com vivacidade os acontecimentos e as motivações e valores subjacentes, tendo como objectivo uma visão global dos acontecimentos e não uma simples cronologia de factos.
A obra de Políbio, de que não se conhece hoje senão uma parte, é considerada como sendo objectiva e fundada numa sólida análise das fontes, o que o coloca a par de Tucídides em termos de cientificidade na análise histórica. Infelizmente, seu estilo é prolixo e incolor (o que muito prejudicou a preservação da sua obra). Como aliás seria de esperar, a sua descrição dos acontecimentos nem sempre é neutra, sendo claro o seu esforço no sentido de justificar as suas acções e as dos que lhe estavam mais próximos, por vezes em detrimento de outros. Sua hostilidade em releção aos inimigos gregos da Liga Aquéia - como a Liga Etólia e o tirano "populista" de Esparta, Nábis, é notória. Por outro lado, a obra foi escrita com o objectivo de explicar aos gregos as razões da ascensão de Roma, procurando convencê-los da inevitabilidade da aceitação do domínio romano, ganhando assim em algumas passagens um excessivo tom apologético.
Citação
Sobre seu trabalho como historiador, diz Políbio (Prefácio de "História Universal sob a República Romana", tomo I):
O peculiar de minha obra, e o que causará a admiração dos presentes é que, assim como a Providência tem feito inclinar a balança de quase todos os acontecimentos do mundo até um ponto e os tem forçado a tomar um mesmo rumo, assim também eu nesta História exporei aos leitores sob um só ponto de vista o mecanismo de que ela tem se servido para a consecução de todos os seus desígnios.
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Políbio não é um filósofo, mas um historiador.Redigiu um pequeno tratado de direito público romano,
na qual descreveu as várias funções públicas (os cônsules, o senado, os tribunos, a organização militar, etc).
“Deve-se considerar a constituição de um ´povo como a causa primordial do êxito ou do insucesso de todas as ações”.Baseando-se nessa premissa, explicou o sucesso da política de um povo que “em menos de cinquenta e três anos”, conquistou todos os outros estados, impondo-lhes o seu domínio.
Antes de examinar a constituição romana, Políbio tece algumas considerações sobre as consttuições em geral – considerações que constituem uma das mais completas teorias das formas de governo que a história nos legou. Nessa teoria ele expõe sobretudo três teses que merecem ser enunciadas, ainda que brevemente : 1) existem fundamentalmente seis formas de governo – três boas e três más; 2) essas seis formas se sucedem umas as outras de acordo com determinado ritmo, constituindo um determinado ciclo, repetido no tempo; 3) além dessas seis formas tradicionais, há uma sétima – exemplificada pela constituição romana – que é a melhor de todas enquanto síntese das três formas boas. Com a primeira tese, Políbio confirma a teoria tradicional; com a segunda, fixa num esquema completo, embora rígido, a teoria dos ciclos ( ou, para empregar a terminologia dos gregos, da (“anaciclose”), que Platão já tinha exposto; com a terceira, formulada pela primeira vez, de modo completo, a teoria do governo misto.
Dessas três teses, a primeira representa o uso sistemático da teoria das formas de governo; a segunda, o uso historiográfico ; a terceira, o axiológico.Com suas várias teses,Políbio fixa definitivamente a sistemática clássica das formas de governo; expõe uma filosofia da história in nuce, segundo a qual o desenvolvimento histórico ocorre de acordo com uma certa ordem, que é dada pela sucessão predeterminada e recorrente das diversas constituições, e exprime a preferência por uma constituição relativamente a todas as outras –a constituição mista, em lugar das constituições simples.
Políbio chama democracia com conotação positiva, ao contrário de Platão e Aristóteles. “Não se pode chamar de reino, qualquer governo de uma só pessoa, mas só o que é aceito voluntariamente. Não se deve considerar aristocracia todo o governo de poucos, mas só o que é dirigido por aqueles que forem eleitos os mais justos e sábios . Da mesma forma não é um governo popular aquele em que a multidão decide o que se deve fazer, mas im aquele onde é tradicional e habitual venerar os deses, honrar os pais, respeitar os mais idosos, obedecer às leis...”.
Políbio elaborou a teoria dos ciclos que eram etapas do processo histórico: monarquia, tirania, aristocracia, oligarquia, democracia e oclocacia.O ciclo polibiano se desenvolve através da alternância de constituições boas e más. Todas as constituições sofrem de um vício, o da falta de estabilidade.
A razão por que Políbio enuncia a tese da excelência do governo misto é a seguinte: ele considera como exemplo adimirável de governo a constituição romana, na qual os órgãos que participavam do governo eram três (os cônsules, o senado e as eleições populares.
Políbio
(Historiador grego )
200 - 115 a. C.
Historiador grego nascido em Megalópolis, cidade da região de Acádia, na Grécia, primeiro autor de uma história universal. Recebeu educação política e militar e lutou contra a dominação romana, mas foi enviado a Roma como prisioneiro de guerra (168 a. C.). Passou, então, a admirar a cultura romana e tornou-se amigo de Cipião Emiliano, a quem acompanhou em campanhas militares pela Itália, Gália e Espanha. Repatriado (150), viajou para a África, onde testemunhou a destruição de Cartago (146). Quando Corinto foi aniquilada e a Acádia conquistada por Roma, intercedeu pela cidade. Planejou, então, narrar, em quarenta livros, as conquistas romanas que vão da campanha espanhola de Aníbal até a batalha de Pidna, período que abrange 53 anos da história de Roma. Como fontes de pesquisa, adotou testemunhos e documentos. Afirmava que história deveria ser uma disciplina pragmática tratando exclusivamente de assuntos políticos e militares, em contraposição a outras narrativas, como as genealogias e as histórias mitológicas. Que o historiador não deve procurar emocionar o leitor, como faz o autor de tragédias, mas simplesmente relatar os fatos como eles ocorreram, sem comentar suas possíveis conseqüências, de modo a manter a objetividade histórica. Sua influência esteve presente na obra de muitos historiadores, entre eles Tito Lívio. Parece ter terminado seus dias na Acádia e sabe-se que de sua obra histórica conservaram-se os primeiros cinco livros e fragmentos dos outros 35.
Políbio
-200 / -118 Político e notável historiador, Políbio (gr. Πολύβιος) escreveu em grego a respeito do crescente poderio romano no Mediterrâneo, durante os séculos -III e -II.
Biografia
Nasceu em Megalópolis, Arcádia, por volta de -200. Licortas, seu pai, era amigo de Filopemen (c. -253/-182) e foi um dos mais proeminentes comandantes da Liga Aquéia. Logo se envolveu em atividades políticas: esteve no Egito em -180 como representante da Liga e se tornou o comandante de sua cavalaria mais ou menos em -170.
Políbio foi um dos principais responsáveis pela neutralidade da Liga Aquéia durante a guerra entre Roma e Perseu da Macedônia (c. -213/-167). Após a batalha de Pidna (-168) foi levado para Roma na qualidade de refém, juntamente com outros 999 nobres Aqueus, onde permaneceu durante 17 anos. Homem culto, logo foi admitido na casa de Lúcio Emílio Paulo (-228/-160), o vencedor da Terceira Guerra Macedônica, e se tornou amigo do jovem Cipião Emiliano (-185/-129). Acompanhou Cipião à África em -146, quando presenciou a destruição definitiva de Cartago.
Nesse mesmo ano, quando a revoltada Liga Aquéia foi derrotada e dissolvida, Políbio retornou à Grécia para organizar a nova província da Macedônia, adequando os governos locais (das póleis) às instituições romanas. Sua equilibrada e eficiente atuação valeu-lhe o reconhecimento dos gregos vencidos e dos romanos vencedores.
Voltou a Roma logo depois, mas continuou viajando. Esteve aparentemente em Sardes, em Alexandria e em Numância, na península ibérica, quando a cidade foi conquistada por Cipião Emiliano (-133). Voltou à Grécia após a morte do amigo (-129) e morreu por volta de -118, em consequência de uma queda de cavalo.
Obras sobreviventes
Políbio escreveu um panegírico dedicado a Filopemen, falecido em -182, um texto sobre táticas militares, uma história da tomada de Numância e um tratado sobre as regiões equatoriais; nenhum deles chegou até nós.
Sua história de Roma (Histórias), em 40 volumes, cobria o período de -264 a -146; a parte que trata dos eventos ocorridos entre -264 e -168 parece ter sido publicada mais ou menos em -150. Apenas os livros 1-5 sobreviveram, juntamente com longos fragmentos dos outros volumes.
Políbio desenvolveu também um método simples de criptografia[1] que envolvia a substituição de letras por uma combinação de dois números; é um dos mais antigos sistemas criptográficos de que se tem notícia.
Características da obra
Políbio considerava a história uma verdadeira ciência, que exigia o amor à verdade, o exame metódico e crítico das informações disponíveis e, ainda, o exame direto dos locais em que os eventos ocorreram (Plb. 12.28). Foi ele, aparentemente, o primeiro historiador a atribuir tal importância à geografia.
Como historiador, interessou-se principalmente pelas instituições romanas e pelos fatores que permitiram a hegemonia de Roma no Mediterrrâneo. Em Histórias não se limitou à simples descrição dos fatos políticos e militares em ordem cronológica. As causas políticas e sociais e as consequências dos eventos mais importantes, assim como o papel determinante das instituições romanas, são discutidos de forma crítica e ponderada.
Em sua visão, a história é uma experiência passada que deveria moldar o futuro e constituir um aprendizado para as gerações vindouras. Escrupuloso, Políbio fazia questão de embasar suas análises em dados sólidos: informações confiáveis de outros historiadores (Calístenes, Filarco e Teopompo, entre outros), cartas, registros públicos gregos e romanos, inscrições e, em especial, tudo o que testemunhou pessoalmente ao longo de sua convivência com os romanos.
Políbio escreveu em dialeto ático. Foi um grande historiador, mas do ponto de vista literário seu estilo é frio, direto, austero e um pouco rígido.
Notas
1.A criptografia (gr. κρυπτός, "escondido" e γράφω, "eu escrevo") é um método utilizado para converter uma informação de sua forma habitual para uma forma incompreensível aos que não dispõe do conhecimento necessário para compreendê-la. No passado, foi largamente utilizada por espiões, militares e diplomatas; em tempos modernos tem sido largamente utilizada pela informática e pelas telecomunicações.
Políbio, também conhecido por Polibius, (c. 203 a.C. em Megalopolis, Peloponeso - † 120 a.C., na Grécia), foi um geográfo e historiador grego.
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"Desde que um homem assume atitude de historiador, tem que esquecer todas as considerações, como o amor aos amigos e o ódio aos inimigos... Pois assim como os seres vivos se tornam inúteis quando privados de olhos, também a história da qual foi retirada a verdade nada mais é do que um conto sem proveito.
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"Roma é a obra mais bela e útil do destino".
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