terça-feira, 24 de novembro de 2009
PÃ
Pã (mitologia)
Estátua de Pã encontrada em PompéiaPã (Lupércio ou Lupercus em Roma) era o deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores na mitologia grega. Residia em grutas e vagava pelos vales e pelas montanhas, caçando ou dançando com as ninfas. Era representado com orelhas, chifres e pernas de bode. Amante da música, trazia sempre consigo uma flauta. Era temido por todos aqueles que necessitavam atravessar as florestas à noite, pois as trevas e a solidão da travessia os predispunham a pavores súbitos, desprovidos de qualquer causa aparente e que eram atribuídos a Pã; daí o nome pânico.
Os latinos chamavam-no também de Fauno e Silvano.
Tornou-se símbolo do mundo por ser associado à natureza e simbolizar o universo. Em Roma, chamado de Lupércio, era o deus dos pastores e de seu festival, celebrado no aniversário da fundação de seu templo, denominado de Lupercália, nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro. Pã foi associado com a caverna onde Rômulo e Remo foram amamentados por uma loba. Os sacerdotes que o cultuavam vestiam-se de pele de bode.
Nos últimos dias de Roma, os lobos ferozes vagavam próximos às casas. Os romanos então convidavam Lupercus para manter os lobos afastados.
Pã e Syrinx, quadro de Nicolas Poussin (1637)Pã apaixonou-se pela ninfa Arcadiana Syrinx, que rejeitou com desdém o seu amor, recusando-se a aceitá-lo como seu amante pelo facto de ele não ser nem homem, nem bode.
Pã então perseguiu-a, mas Syrinx, ao chegar à margem do rio Ladon e vendo que já não tinha possibilidade de fuga, pediu às ninfas dos rios, as náiades, que mudassem a sua forma. Estas, ouvindo as suas preces, atendem o seu pedido a transformando em bambu. Quando Pan a alcançou e a quis agarrar, não havia nada, excepto o bambu e o som que o ar produzia ao atravessá-lo.
Quando, ao ouvir este som, Pã ficou encantado, e resolveu então juntar bambus de diferentes tamanhos, inventando um instrumento musical ao qual chamou syrinx, em honra à ninfa. Este instrumento musical é conhecido mais pelo nome de Flauta de Pã, em honra ao próprio deus.
Pã teria sido um dos filhos de Zeus com sua ama de leite, a cabra Amaltéia. Seu grande amor no entanto foi Selene, a Lua. Em uma versão egípcia, Pã estava com outros deuses nas margens do Rio Nilo e surgiu Tífon, inimigo dos deuses. O medo transformou cada um dos deuses em animais e Pã, assustado, mergulhou num rio e disfarçou assim metade de seu corpo, sobrando apenas a cabeça e a parte superior do corpo, que se assemelhava a uma cabra; a parte submersa adotou uma aparência aquática. Zeus considerou este estratagema de Pã muito esperto e, como homenagem, transformou-o em uma constelação, a que seria Cápricórnio.
Flauta-de-pã
A flauta-de-pã é um instrumento musical sul americano e o nome genérico dado a instrumentos musicais constituídos por um conjunto de tubos fechados numa extremidade, ligados uns aos outros em feixe ou lado a lado. Os tubos são graduados e de diferentes tamanhos, não têm bocal e são soprados com os lábios tangenciando as extremidades superiores. Conforme o local onde são construídas, a flautas podem ter características e nomes diversos, como siringe, na Grécia antiga, nei da Romênia, siku ou antara nos Andes, etc.
Foram denominadas “pã” por associação ao deus grego Pã. Eram muito populares entre os etruscos e os gregos, desde o século VI a.C., com o nome de syrinx ou syringa panos. Hoje, a flaurta-de-pã é uma peça importante na música folclórica da Romênia, Myanmar, Oceania e dos países andinos.
A flauta-de-pã andina é conhecida como siku pela comunidade Aimará, como antara pelos Quíchuass e como zampoña pelos espanhóis. Os sikus mais fidedignos ou “puros” são tocados em escala pentatônica, mas existe uma característica comum de tocá-los: em par. Toca-se uma parte e alterna-se a escala com a outra parte, em conjunto. Essas partes são denominadas masculino e feminino. Uma se chama ira, )(a que guia) e a outra se chama arka (a que acompanha). O termo sikuri é usado nas comunidades bolivianas para o tocador de siku. Sikuriadas ou sikuriados são temas melódicos tocados somente com sikus. Nos povoados andinos, é comum encontrar conjuntos que variam de cinco a dez sikuris, ou mais. Dependendo de onde são construídos, existem sikus de vários tamanhos, notas, tipos de canas, pois a nota musical varia de tamanho e sua afinação é relativa, nem sempre se aproximando da nota requerida. No Equador, existe um parente próximo ao siku ou zampoña conhecido como rondador, uma flauta com 20 a 40 canas bem finas e enfileiradas. É também tocado em escala pentatônica e muito utilizado em danças folcóricas ou populares como o sanjuanito, o albazo, a longuita, o pasacalle, etc.
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