domingo, 6 de dezembro de 2009

Alcibíades + DEMOSTÉNES +Péricles



O templo da razão que, lá do alto da acrópole, contempla o mundo


Atenas, a Escola da Hélade

Péricles, porém, estava convencido de que os gregos precisavam de um grande cidade, de uma polis referencial, que acolhesse as escolas filosóficas de todas as partes da Hélade, que concentrasse os homens de talento e de grande capacidade criativa, abrigados pelas virtudes do regime democrático. Como ele irá mais tarde afirmar na sua famosa Oração Fúnebre, transcrita por Tucídides (História da Guerra do Peloponeso, Livro II, cap.35-46), na qual, depois de elogiar a liberdade, o império e a autonomia de Atenas, assegurou que "nossa cidade, em seu conjunto, é a escola de toda a Hélade", prevendo acertadamente que "seremos portanto admirados não somente pelos homens de hoje mas também do futuro". Mas, em verdade, Atenas ao longo do tempo, ultrapassou qualquer outra suposição original, não limitando-se só em ser a educadora dos gregos daquela época, tornando-se uma cidade-ícone, a cidade-símbolo do mundo ocidental inteiro.




Estátua de Atena, obra-prima de Fídias


A Doutrina da Inteligência de Anaxágoras

"Todas as coisas estavam juntas, logo sobreveio a Mente e as ordenou" - Anaxágoras, Física, século 5 a.C.

A construção do Pártenon decorreu igualmente de outros fatores, que envolveram uma sensível modificação na filosofia e na cosmogonia grega do século V a.C.. Deveu-se, em grande parte, à chegada à cidade das concepções do iluminismo jônico. Foi provavelmente no ano de 462 a.C. que o filósofo Anaxágoras de Clazômene estabeleceu-se por lá. Em pouco tempo converteu-se num tutor ideológico e científico de Péricles, dividindo as atenções dele com o grande autor trágico Eurípides. Não demorou muito para que o pensador fosse hostilizado, e até considerado herético, por dizer que o Sol "era bem maior que o Helesponto" (o lugar de passagem que ligava o Mar Egeu ao Ponto, o Mar Negro), e que o símbolo de Hélio, era uma massa de pedra incandescente. O homem comum, o cidadão de Atenas considerava tais declarações pura blasfêmia, pois retiravam o aspecto divino que acreditavam ser inerente ao astro-rei, pois Anaxágoras via-o apenas como algo material. Seja como for sua obra Meteorologia, onde explicou racionalmente as eclipses da lua, fez dele um dos sábios da época, qualificando-o definitivamente como um pensador a ser considerado por Péricles e pelos demais integrantes do que convencionou-se chamar de ilustração grega (movimento racionalista que opunha-se à superstição, ao misticismo, e ao convencionalismo tradicionalista).





A acrópole e seus templos


A teoria do Nous

No tratado a Física, Anaxágoras defendeu o princípio de que todo o universo é regido por uma inteligência (nous) que, além de ser o princípio motor, submete tudo o mais à sua vontade. A matéria em estado puro (hile), encontra-se separada da inteligência, sendo-lhe completamente obediente. Ela, a nous, conhece todas as coisas, é omnisciente: "ordena tudo, o que deve ser e tudo o que foi e que já não é, é esta revolução que as estrela, o sol e a lua, levam a cabo.." (fragmento 12). É, a inteligência, todo-poderosa, eterna e omnipresente. Concentra em si, simultaneamente, a faculdade de pensar e a capacidade de agir, de transformar aquilo que idealizou em vontade, em fazer da idéia algo material, concreto. A cosmogonia de Anaxágoras, obediente às leis da física, opunha-se pois à cosmogonia olímpica da gente comum, que acreditava que os astros, os planetas e tudo mais, movia-se de acordo com o capricho dos deuses.

Parece-se, a nous, como a um escultor que, com seu cinzel e martelo, desbasta o mármore ou o granito, para dar-lhe forma e sentido. Os instrumentos que existem estão, portanto, à disposição da inteligência que, com eles, vai extraindo feições diversas da matéria, para depois recompô-la no formato que a própria inteligência determinar. Assim, por exemplo, com um machado, um formão e um serrote, pode-se retirar de um tronco de madeira, pedaços para fazer-se uma mesa, uma cama, ou um barco. Quem, pois, determina previamente o destino de tudo é a inteligência, que paira sobre o restante das coisas. Em termos da filosofia materialista do século 19, Anaxágoras seria definido como um idealista radical, por sobrepor o abstrato, a idéia, à matéria, na época em que viveu, porém, acusaram-no de ser um contestador da concepções religiosas e duvidar dos deus. O que lhe rendeu processos, do qual só se salvou graças a intervenção pessoal de Péricles.

O Pártenon: beleza e discórdia

O monumento à razão
Harmonia, simplicidade e beleza, isso define o Pártenon. Péricles indicou como supervisor das obras a serem iniciadas na acrópole em 447 a.C. o grande escultor Fídias, que também era seu amigo. Além dele, um como arquiteto e o outro construtor, atuaram Ictinus e Calicrates. O projeto do templo, concluído em 438 a.C., concretizou os ideais do iluminismo jônico: um prédio onde as formas geométricas (o retângulo, sustentado por colunas verticais, encimado pelo triângulo), excluíam qualquer artifício ornamental. Ele, ciente da sua majestosa simplicidade, dominando inteiramente a paisagem lá do alto da acrópole, representava a razão em seu estado puro, tendo a planície as seus pés. Era a materialização arquitetônica da relação que o nous de Anaxágoras, tinha com a hile, a matéria dócil (a cidade lá embaixo) subordinada à inteligência (o templo lá encima na acrópole).

O templo, que media 31,39 m x 76,82 m, era um octácilo, isto é, tinha oito colunas dóricas na frente, e 17 delas nas laterais. Na cela do santuário, repousava a imensa estátua criselefantina de Atena partenos, esculpida em mármore , ouro e marfim por Fídias. No frontão e nos lados, espalhavam-se estatuas e métopas em alto relevo, representando vários episódios onde o humano enfrentava o animal, onde a razão superava a superstição, e a civilização vencia a barbárie.


Temas da decoração do Pártenon
Temas Figuração
Gigantomaquia (no lado leste) Deuses contra os gigantes
Centauromaquia (no lado sul) Lápidas contra os centauros
Amazonomaquia (no lado oeste) Atenienses contra as amazonas
Guerra de Tróia Gregos versus troianos
Friso Procissão Panatenéia, 360 figuras, dispostas ao redor do templo
Cenas mitológicas Nascimento de Atena e sua luta contra Possêidon pelo padroado da cidade


Síntese das motivações da construção do Pártenon
Política Afirmação da capacidade de recuperação e soberania de Atenas sobre o restante das cidades gregas, fazendo-a dela a Escola da Grécia: centro da cultura helênica e da democracia, futura capital da Hélade Unificada pela política de Péricles.

No nível internacional, ela servia como oposição às despóticas capitais imperiais persas, a quem imitou a grandeza imperial.
Filosófica Expressão arquitetônica da ilustração grega, com sua fé na capacidade racional do ser humano em contraposição ao mundo das trevas e da superstição.

A inteligência pura (a nous) determina a forma final da matéria, exercendo sua soberania sobre o mundo inanimado, da mesma forma que o Homem, ser racional, controla a si mesmo e os impulsos irracionais da natureza.

Estética Predomínio absoluto das linhas geométricas (o retângulo e o triângulo), da harmonia sobre a deselegância, da decoração simples sobre os exageros do barroquismo oriental.
Sua planta horizontalista celebra o humano, o racional e não o sobrenatural e o misterioso.






O Pártenon: beleza e discórdia


Lápidas contra os centauros



Os Mármores de Elgin

Lord Elgin, embaixador britânico na Sublime Porta (o Império Turco Otomano), entre 1799-1803, conseguiu autorização do governo turco, que então ocupava a Grécia, para levar para a Inglaterra um conjunto de peças que encontravam-se abandonadas na acrópole de Atenas. O Pártenon, desde o fim do mundo pagão, tinha sido convertido numa basílica bizantina e, depois, com a conquista turca, numa mesquita islâmica. Em 1687, durante o cerco que os venezianos moveram à Atenas turca, o Pártenon foi bombardeado. Por terem-no utilizado como um depósito de pólvora, o magnífico templo explodiu ao ser alcançado por um petardo, fazendo com que boa parte da suas esculturas e métopas fossem perdidas ou lançadas em lascas e cacos pela acrópole a fora.

Elgin sentiu-se em missão. O destino, segundo ele escreveu, tinha determinado que ele salvasse o que fosse possível das inevitáveis depredações que as peças poderiam ainda vir a sofrer. Encaixotando tudo o que pôde, vendeu 56 peças e 19 estátuas para o Museu Britânico por $ 35 mil libras, que as conservou e expôs nesses últimos dois séculos.




O Pártenon: beleza e discórdia


O apelo de Melina Mercouri


Melina Mercouri que como ministra da cultura lutou pelo retorno dos mármores de Elgin à Grécia
Desde que a ex-atriz grega Melina Mercouri assumiu o Ministério da Cultura da Grécia (de 1981-9), ela tentou recuperar os chamados "mármores de Elgin", sem sucesso porém. Naquela época os parlamentares ingleses não se comoveram com os rogos que Melina lhes fez: "vocês têm que entender" disse-lhes ela na ocasião, "que os mármores do Pártenon significam para nós. Eles são o nosso orgulho. Eles são o nosso sacrifício. Eles são um tributo à filosofia democrática. Eles são a nossa aspiração, e o nosso nome. Eles são a essência do Helenismo." Os ingleses objetaram, alegando que o translado dos mármores para a Grã-Bretanha fora legal, resultado da compra feita por Lord Elgin junto ao vizir turco (apesar de ter-se encontrado na correspondência dele, de Elgin, a afirmativa de que o governo turco não dera o direito de venda a ninguém). Os gregos, por seu lado, objetaram que a Grécia naquela época era uma terra ocupada - tanto é que o poeta inglês Lord Byron morreu em 1824 em Missolonghi, uma das ilhas gregas, lutando pela liberdade da Hélade -, e que, portanto, não podiam aceitar que seu patrimônio cultural fosse vendido pelo invasor, ou por um funcionário qualquer que atuasse em nome dele.

Mais recentemente, porém, o clima mudou, e, segundo uma enquête feita em abril de 2000, 66% dos deputados britânicos concordam com o retorno dos mármores de Elgin, para que eles voltem a ser alinhados com as demais peças que compunham os maravilhosos frisos do Pártenon como o faziam há quase dois mil e quinhentos anos atrás.





Péricles




Nascido por volta de 495 A.C., é filho de Xantipo e de Agariste, sobrinho de Clístenes, outro grande estadista, e por muitos considerado o pai da Democracia.

Uma das razões para Péricles ter tido a importância que teve em Atenas, prende-se com o facto de ter nascido no seio da família dos Alcmeónidas, família de sua mãe, que era uma das mais ricas e influentes em Atenas. Parar além disso, como pôde viajar e ter contacto com gentes e costumes de outros lugares, ganhou muita experiência de vida.

Os seus tutores foram de grande importância para o seu desenvolvimento, primeiro como General e, em seguida, como político. Em primeiro lugar, o pai, Xantipo, que era um grande político. Depois, Dámon, Anaxágoras e Zenão de Eleia, com quem Péricles passou grande parte da sua infância e adolescência. Dámon foi o seu professor de música e, para além da teoria musical, ensinou-lhe as suas relações com a ética e a política. Aliás, Dámon levava tão a sério a sua arte, que costumava afirmar: "Não se pode tocar nas regras da música sem perturbar, no mesmo instante, as leis fundamentais do Estado... Façamos da música a cidadela do Estado". Anaxágoras e Zenão de Eleia foram os seus principais mestres de pensamento. Com Anaxágoras, aprendeu a usar a razão para explicar o mundo físico que o rodeava em vez dos tradicionais mitos da religião grega. Era este homem que ensinava que a inteligência pura tirara o mundo do caos inicial, o organizava e o continuava a reger. Com Zenão de Eleia, aprendeu a doutrina monoteísta: "Há só um Deus... sem trabalho, pela simples força do espírito, põe em movimento todas as coisas.".

Péricles reúne na sua pessoa quatro virtudes. Em primeiro lugar, tem a inteligência, isto é, a capacidade de analisar uma situação política, de prever exactamente o acontecimento e responder-lhe com um acto. Em segundo lugar, é dono de uma grande eloquência. Dir-se-ia que cada vez que fala perante a Assembleia, depõe a sua coroa de chefe, só a voltando a colocar com o consentimento de todos. É um grande orador que tem sempre um relâmpago na língua. A terceira virtude é o patriotismo mais puro: para Péricles, nada está acima do interesse da comunidade dos cidadãos, acima da honra da cidade de Atenas. Por último, vem o seu total desinteresse. Inteiramente dedicado ao seu país, ou melhor, à sua Atenas, é inacessível a qualquer tipo de corrupção.

Com estas qualidades e a esmerada preparação que recebeu, Péricles tornou-se um diplomata e político notável, dotado de um inigualável poder de oratória. Segundo Tucídides, os discursos de Péricles eram exemplos da eloquência dedutiva, alimentada pelas paixões vivas do jovem povo ateniense.

Ao contrário da maioria dos políticos, Péricles começou a sua vida política relativamente tarde, aos 31 anos, decorria o ano de 463 a.c.. Mas este aparecimento tardio pensa-se ter sido uma estratégia cuidada. Aparentemente, Péricles esperou que Temístocles e Aristides, dois gigantes políticos da geração anterior, desaparecessem de cena, e aproveitou o facto de Címon, que tinha sido a face dominante em Atenas durante uma década, estar sempre fora em campanhas militares.

Assim, Péricles dedicou-se ao serviço militar, tomando parte em diversas expedições, para provar que era suficientemente corajoso e que não tinha medo dos perigos, algo essencial para alguém que quisesse prosseguir uma carreira política. Péricles, devido às suas características, foi eleito General. Mais tarde, chegou ao poder, devido a um movimento democrático popular, uma vez que, devido à sua grande capacidade oratória, virou os populares contra Címon, fazendo-os ver que este defendia os interesses dos aristocratas, recebendo subornos destes.

Por vezes, fala-se em Péricles como sendo o fundador da democracia, algo que não é totalmente exacto. Na verdade, ele apenas modificou o sistema democrático existente, de uma "democracia limitada" para uma democracia onde todos os cidadãos podiam participar (cidadãos, atente-se...). Tanto que se Clístenes é considerado o pai da democracia grega, Péricles é considerado o fundador da Idade de Ouro da mesma, chamando, outros ainda, ao século V A.C., o século de Péricles. Isto porque, com Clístenes, era uma democracia limitada, onde os aristocratas ainda ditavam leis, e com Péricles este facto alterou-se, passando os cidadãos a governar não apenas em teoria, mas também na prática.

A partir de 450 A.C., foram passando na Assembleia uma série de leis que progressivamente foram estabelecendo um sistema democrático que o mundo nunca tinha visto antes. Foram dados aos cidadãos o poder directo da Assembleia e dos tribunais populares, onde as decisões eram tomadas por maioria.

Assim, as suas medidas vão incidir sobre vários aspectos. Em primeiro lugar, vai alargar o campo de recrutamento das magistraturas, antes apenas limitada às duas classes superiores. No entanto, a sua sensibilidade política vai mais longe, ao constatar que esta participação das classes inferiores seria puramente teórica, se estes elementos, que tinham poucos recursos económicos, não fossem pagos. Assim, alarga o campo dos arconatos à terceira classe (pequena burguesia e artífices de poucos rendimentos), deixando de fora a quarta e última classe, a dos operários e serventes. Criou também indemnizações para os membros do Conselho dos Quinhentos,para os militares e para a participação dos cidadãos nas numerosas festas da República. No entanto, nunca deu dinheiro para a participação na Assembleia do Povo, uma vez que era considerado um dever a frequência desta.

A estas reformas juntou-se ainda o fim do direito de veto do Areópago, conselho constituído apenas pelos nobres, que limitava em certos casos a soberania popular.


Mas note-se que, no entanto, a Assembleia não era um governo representativo. Nestes, só podiam participar cidadãos masculinos de Atenas, sendo deixados de fora tanto as mulheres, como os escravos e os estrangeiros (originários de outras cidades que não Atenas).

Assim, de 460 A.C. até à sua morte, em 429 A.C., Péricles dominou os assuntos ligados com Atenas. Durante este período, foi sempre eleito como um dos 10 Generais, que eram os estrategos de Atenas. O mais espectacular destas eleições é que foram sempre efectuadas pelo conjunto da comunidade cívica Ateniense, o que denota bem o modo como Péricles conseguiu convenceu o povo a marchar pelo caminho que ele ditava.

A política de Péricles consistia em continuar as reformas democráticas em Atenas bem como expandir a sua importância no centro e norte da Grécia. Devido à grande paixão que Péricles nutria pela sua Atenas, após o fim das guerras Persas em 448 A.C., os 15 anos seguintes foram passados na evolução de Atenas como o centro cultural do mundo. Isto foi feito com da entrada de muito dinheiro, vindo das cidades-estado que formavam a liga de Delos, que tinha inicialmente sido formada com um objectivo militar:

continuar no mar as hostilidades contra a Pérsia, libertar as cidades helénicas ainda submetidas pelo Rei e tornar impossível uma nova invasão da Grécia pelos Persas. Devido a Atenas ter um papel de destaque nesta Liga, devido à sua grande frota, tinha o comando das operações militares, donde resultava o livre uso das finanças da liga. Estas iam sendo engrossadas com o contributo das outras cidades-estado que, como não tinham uma frota moderna, em vez de contribuírem com navios, contribuíam com dinheiro. Com o fim da Guerra com os Persas, Péricles usou este mesmo dinheiro para reconstruir Atenas (muito fustigada durante as Guerras Persas). Ao mesmo tempo que ia reconstruindo e embelezando Atenas, com inúmeros templos (entre eles o Parténon e o templo de Atena-Niké, cuja fotografia está acima), Péricles ia dando trabalho a inúmeros habitantes de Atenas, o que lhe granjeava elogios de todos os sectores da população, tanto das classes altas, devido à elevação de Atenas como centro cultural do Mundo, bem como das classes mais desfavorecidas, com a criação de novos postos de trabalho.

Para finalizar, fica aqui uma passagem do discurso de Péricles (citado por Tucídides), no funeral daqueles que morreram na guerra do Peloponeso, que demonstra bem a sua personalidade e os ideais que defende:

"O nosso sistema político não compete com instituições que estão noutros locais implantadas pela força. Nós não copiamos os nossos vizinhos, mas tentamos ser um exemplo. A nossa administração favorece a maioria em vez da minoria: é por isso que é chamada uma democracia. As leis dão justiça para todos de igual modo, nas suas disputas privadas, mas não ignoramos a demonstração da excelência. Quando um cidadão se distingue, então será chamado para servir o estado, em detrimento de outros, não devido a privilégios, mas como um prémio para o mérito; e a pobreza não é obstáculo para tal.
...A liberdade que apreciamos estende-se também à nossa vida particular; não desconfiamos uns dos outros, e não aborrecemos o nosso vizinho se ele escolher seguir o seu próprio caminho. ... Mas esta liberdade não faz de nós seres sem lei. Somos educados para respeitar os magistrados e as leis, e a nunca esquecer que devemos proteger os feridos. E somos também ensinados a observar aquelas leis que não estão escritas cuja sanção está apenas na sensação universal do que está correcto...
A nossa cidade está aberta ao mundo; nunca expulsamos um estrangeiro... Somos livres de viver exactamente como desejamos, e no entanto, estamos sempre preparados para enfrentar qualquer perigo... Amamos a beleza sem nos tornarmos vaidosos, e apesar de tentarmos melhorar o nosso intelecto, isto não enfraquece a nossa vontade... admitir a pobreza de uma pessoa não é uma desgraça para nós; mas consideramos desgraçante não fazer nada para o evitar. Um cidadão Ateniense não negligencia os aspectos públicos quando atende aos seus negócios privados... Consideramos um homem que não tem qualquer interesse no estado não como perigoso, mas como inútil; e apesar de apenas uns poucos poderem originar uma política, todos nós somos capazes de a julgar. Não olhamos a discussão como uma parede bloqueando a acção política, mas como um preliminar indispensável para agir com sabedoria. ..."




Demóstenes

Nascimento: 384 AC
Atenas
Falecimento: 322 AC
Ilha de Calauria, atual Poros

Demóstenes (em grego, Δημοσθένης, Dēmosthénēs) (384 a.C. - 322 a.C.), foi um proeminente orador e político grego, de Atenas. Sua oratória constitui uma importante expressão da capacidade intelectual da Atenas antiga e providenciam um olhar sobre a política e a cultura da Grécia antiga durante o quarto século AC. Demóstenes aprendeu retórica estudando os discursos dos grandes oradores antigos.

Biografia
Aos sete anos de idade, Demóstenes perdeu o pai e teve sua herança roubada por seus tutores. Posteriormente, abriu processo para recuperar os bens roubados. Ganhou o processo mas não recuperou todos os bens que lhe pertenciam. Com vinte e sete anos iniciou sua carreira de orador e logo conseguiu destaque.

Garoto ainda, Demóstenes assistiu a um julgamento no qual um orador chamado Calístrato teve um desempenho brilhante e, com sua verve, mudou um veredicto que parecia selado. Demóstenes invejou a glória de Calístrato ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo, mas ficou ainda mais impressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo de vencida. Assim, alimentou a esperança de se tornar um grande orador - sonho que parecia impossível devido à sua gagueira.

Após treinamento que demandou enorme esforço, Demóstenes venceu a gagueira e se tornou o maior orador da Grécia.

Sua vida como orador e político foi dedicada à defesa de Atenas que se via ameaçada por Filipe II da Macedônia. Contra o líder macedônio, Demóstenes escreveu inúmeros discursos que ficaram conhecidos como Filípicas. O objetivo era conclamar os cidadãos atenienses e arregimentar forças contra a Macedônia antes que fosse tarde demais.

Em 338 a.C., Demóstenes participou da Batalha de Queronéia — na qual Atenas foi derrotada pela Macedônia e marcou o início do domínio de Filipe e depois de Alexandre, o Grande, sobre a Grécia.

Após 335 a.C., Demóstenes vê decair tanto sua reputação quanto influência. Chegou mesmo a ser condenado por ter se deixado comprar por um ministro de Alexandre e facilitar sua fuga de Atenas. Foi preso mas conseguiu fugir, exilando-se de Atenas por longo período.

Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., Demóstenes é chamado de volta e retoma suas atividades. Alia-se, então, à revolta contra Antípater. Tendo falhado tal revolta, Antípater exige a entrega dos chefes revoltosos. Demóstenes foge para o templo de Poseidon na ilha grega de Calauria. Quando percebe que está cercado pelos soldados de Antípater, suicida-se com veneno.

Obras
Além de algumas cartas, cerca de 60 discursos atribuídos a Demóstenes nos chegaram. Dentre esses, os mais conhecidos são:

Filípicas (três ao todo), de 351, 344, 341 a.C.
A favor dos ródios, de 351 a.C.
A favor de Fórmion, de 350 a.C.
Olínticas, de 349 a.C.
Contra Mídias, de 347
Sobre a Embaixada, de 343 a.C.
Sobre as questões da Quersoneso, de 341 a.C.
Oração da coroa, de 330 a.C.




Encontrados 10 pensamentos de Demóstenes
A constância no amor é uma bigorna que, quanto mais é batida, mais dura se torna.




É necessário que os princípios de uma política sejam justos e verdadeiros.




É de bom cidadão preferir as palavras que salvam às palavras que agradam.




A morte é o final a que chegam todos os homens e que não se pode evitar com a precaução de ficar fechado em casa. O homem de coragem deve entrar nas empresas com uma confiança generosa e opor a todas as desgraças que o céu lhe envia uma coragem invencível.


Sabe-se que enquanto vivemos estamos mais ou menos expostos à inveja, mas depois da nossa morte os nossos inimigos deixam de nos odiar.




Toda a vantagem obtida no passado é julgada à luz do resultado final.



Pequenas oportunidades são muitas vezes o começo de grandes empreendimentos.




Nada é mais fácil do que se iludir, pois todo o homem acredita que aquilo que deseja seja também verdadeiro.




Pensem que as palavras a que não se segue nenhuma consequência são ditas para nada.




Sabe-se que enquanto vivemos estamos mais ou menos expostos à inveja, mas depois da nossa morte os nossos inimigos deixam de nos odiar




Demóstenes
Atenas, 384 - Caláuria, 322 a. C.

Político e orador grego. Órfão desde os sete anos, estuda Retórica e Leis, dedicando-se à defesa de pleitos públicos. Com o passar dos anos vai-se voltando para o âmbito dos interesses públicos e políticos. Personagem da primeira fila na política ateniense, passa por diversos altos e baixos de popularidade. Finalmente, após a queda de Atenas nas mãos dos Macedónios, exila-se e suicida-se.

Convencido de que as ambições dos Macedónios são prejudiciais para Atenas e para a Grécia, combate incansavelmente Filipe e o seu filho Alexandre. Tal é o alvo das suas Filípicas, peças cheias de veemência patriótica e de amor à justiça. Quando o rei Filipe consegue a sua hegemonia sobre a Grécia, Demóstenes vê frustrados os seus projectos e tenta justificar a sua política no discurso Sobre a Coroa.

Os discursos de Demóstenes, cuidadosamente compostos, evitam o supérfluo e aparentam tal espontaneidade que parecem improvisações veementes. Demóstenes, de estilo impetuoso, administra sabiamente os contrastes: as razões morais sucedem às reflexões políticas, as ironias alternam com o patetismo, os períodos longos e harmoniosos são seguidos por frases incisivas e cortantes. Demóstenes foi, em suma, o orador mais brilhante da Antiguidade.





Alcibíades


"Sócrates ao encontro de Alcibíades na Casa de Aspasia", 1861. Obra de Jean-Léon Gérôme (1824-1904)Alcibíades ou Alcibíades Clinias Escambónidas (em grego: Ἀλκιβιάδης Κλεινίου Σκαμβωνίδης) foi um general e político ateniense (Atenas 450 a.C. - Melissa, Frígia, 404 a.C.).

Alcibíades descendia de família ilustre (Nota: Seu avô também se chamava Alcibíades e era amigo de Clístenes). Tendo ficado órfão, foi educado por Péricles, de quem era sobrinho. Em vista disso, cresceu entre os dirigentes da democracia ateniense.

Alcibíades também era amigo e entusiata do filósofo Sócrates que lhe salvou a vida na campanha de Potidéia (em 432 a.C.) e a quem salvou em Delion. Plutarco escreveu que Alcibíades "temia e reverenciava unicamente a Sócrates, e desprezava o resto de seus amantes". Como decorrência dessa íntima amizade, Alcibíades aparece em dois diálogos de Platão: um que leva seu próprio nome e n'O Banquete. Também é citado por Aristófanes na peça As rãs.

A fama conquistada nas batalhas permitiu que em 420 a.C. Alcibíades fosse escolhido estratego. Em 414 a.C., comandou uma malfadada expedição contra Siracusa, na Sicília. Ao mesmo tempo, Alcibíades viu-se implicado (junto com Andócides), na profanação de estátuas do deus Hermes e dos mistérios de Elêusis. Acusado de sacrilégio e destituído em alto-mar, desertou e refugiou-se em Esparta, cujos costumes severos chegou a adoptar por algum tempo.

Durante anos instigou os espartanos numa guerra mais activa contra os atenienses levando ao fracasso em Siracusa.

Em 411 a.C., foi eleito comandante da esquadra ateniense em Samos e conquistou duas importantes vitórias sobre Esparta e que recolocou o domínio do Mar Egeu nas mãos de Atenas. Em 407 a.C., era recebido de volta na terra natal com o apoio do Partido Democrático. Pouco depois, foi responsabilizado pela derrota de seu preposto Antíoco em Notium e retirou-se para Queronéia. Nesse período, tentou evitar o desastre naval de Egospótamos, mas seu conselho não foi ouvido. Em 406 a.C. foi para a Trácia e depois para a Pérsia, onde inicialmente contou com o apoio do sátrapa local, Fernabazes. Este, contudo, instigado pelos espartanos, mandou assassinos ao encalço de Alcibíades, que acabou sendo morto em sua casa.

Tanto Plutarco quanto Cornélio Nepos escreveram biografias sobre a vida de Alcibíades, mas Tucídides é a melhor autoridade em tudo o que lhe diz respeito.

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