sábado, 5 de dezembro de 2009

TUCÍDITES




Busto de Tucídides.Tucídides, em grego Θουκυδίδης, transl. Thukydídēs, (Atenas, entre 460 e 455 a.C. — Atenas, cerca de 400 a.C.) foi um historiador da Grécia Antiga.

Escreveu a História da Guerra do Peloponeso, em que, em oito volumes, conta a guerra entre Esparta e Atenas ocorrida no século V a.C.. Preocupado com a imparcialidade, ele relata os fatos com concisão e procura explicar-lhes as causas. Tucídides escreveu essa obra pois pensava a Guerra do Peloponeso como um acontecimento de grande relevância para a história da Grécia, mais do que qualquer outra guerra anterior. Esta sua obra é vista no mundo inteiro como um clássico, e representa a primeira obra de seu estilo.

A obra de Tucídides foi revalorizada no ocidente devido à tradução da História da Guerra do Peloponeso para o inglês, por Thomas Hobbes.[1]

Tucídides também foi um dos primeiros a notar que as pessoas que sobreviviam às epidemias de peste em Atenas eram poupadas durante os surtos posteriores da mesma doença, dando origem a toda uma série de acontecimentos que culminaram naquilo que hoje conhecemos como vacinação.

Pelo foco no problema da guerra e devido à análise dos conflitos entre as cidades-Estado da Grécia Antiga, a corrente de pensamento teórico realista das Relações Internacionais, no século XX, passou a considerar Tucídides como o "avô" do próprio realismo. Assim, pode-se considerar que a releitura de Tucídides pelos analistas de relações internacionais, em pleno século XX, permitiu construir uma abordagem do pensamento realista em perspectiva histórica.[carece de fontes?]

Tucídides considerava que o poder é central nas relações entre as unidades políticas - Estados - e, que o equilíbrio ou desequilíbrio entre as, então, cidades-Estado era a principal causa da guerra.[







Tucídides
460 a.C., Atenas (Grécia)
400 a.C., Atenas (Grécia)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Reprodução


Tucídides, historiador e general, escreveu História da Guerra do Peloponeso


Como um dos dez generais de Atenas, Tucídides foi mandado, em 424 a.C., à costa da Trácia para agir contra Brasidas (general espartano que lutou na Guerra do Peloponeso). Tendo falhado na missão, foi condenado a trinta anos de exílio. Provavelmente, os atenienses o chamaram de volta em 404 a.C.

Esse general-historiador escreveu uma história da Guerra do Peloponeso, uma das mais importantes obras históricas de todos os tempos, notável por seu estilo conciso, direto e nítido, por sua imparcialidade e seu método científico, pelo senso que o autor demonstra de percepção da conexão causal entre os eventos, e por seu raciocínio penetrante a respeito de questões políticas.

Tucídides refere-se ao seu próprio trabalho como "um patrimônio sempre útil e não uma composição para ser ouvida apenas no momento da competição por algum prêmio". Quintiliano (pedagogo e professor de retórica romano) diz que a História da Guerra do Peloponeso é "densa em sua contextura, enérgica, sempre ansiosa para ir adiante".


A guerra: uma mestra severa
Em seu livro, Tucídides apresenta os argumentos a favor e contra uma determinada atitude, sob a forma de discursos representando a essência das palavras pronunciadas pelos protagonistas dos eventos. E esse talvez seja o maior mérito da obra, pois ela estabelece um método científico de trabalho para o historiador: o da busca constante da imparcialidade.

Segundo alguns pesquisadores, essa habilidade, de dar voz a todos os atores de um determinado evento histórico, teria sido adquirida durante o exílio, quando Tucídides teve a oportunidade de apreciar os pontos de vista de cada um dos antagonistas que lutaram na guerra.

O livro traz uma ampla introdução, na qual trata das origens da raça helênica. A História, contudo, permaneceu incompleta, detendo-se abruptamente nos eventos do ano 411 a.C.

Entre as passagens mais notáveis, está a Oração Fúnebre, de Péricles, em homenagem aos atenienses mortos no primeiro ano da guerra, onde aparece uma das mais belas exortações à coragem: "a liberdade é a felicidade - e a coragem é a liberdade". Há também outros trechos memoráveis: o relato da peste em Atenas, o Diálogo Mélio e a expedição à Sicília.

Para Tucídides, "a guerra é uma severa mestra. Privando a maioria das pessoas da capacidade de satisfazer com facilidade suas necessidades diárias, faz seus espíritos descerem ao nível das circunstâncias reais".

De acordo com a tradição, Tucídides foi assassinado.


Tucídides
-460 / -400 Tucídides (gr. Θουκυδίδης) foi o mais escrupuloso e científico dos historiadores gregos. Sua obra foi única, mas de tal envergadura que é considerado o verdadeiro fundador da moderna historiografia.

Biografia
Nasceu em Atenas, de família aristocrática; seu pai, Oloros, era parente do estrátego Címon e descendente de um antigo rei da Trácia, região não-grega. Poucos detalhes de sua vida são efetivamente conhecidos; mesmo as datas de nascimento e morte (-460/-400) são pouco mais que conjeturais.

Tucídides contraiu a praga que assolou Atenas durante a Guerra do Peloponeso (-430/-426), porém conseguiu sobreviver; é provável que tenha seguido carreira política, pois era um dos estrátegos atenienses em -424. Não conseguiu impedir que os espartanos tomassem Anfípolis, cidade estratégica situada a noroeste da Calcídica, e em consequência disso foi exilado. Embora o exílio tenha sido revogado em -404, é possível que ele não tenha voltado a se instalar em Atenas.

Durante o exílio, Tucídides reuniu mais informações para sua História, que havia começado a escrever em -431, no início da Guerra. É provável que tenha morrido por volta de -400, mas as informações disponíveis, além de poucas, não são muito confiáveis.






Arte da Pintura - Jan Vermeer, c. 1665-1667
Kunsthistorisches Museum, Viena
Image from Web Gallery of Art
© Web Gallery of Art, created by Emil Kren and Daniel Marx
Proêmio


A Guerra dos Peloponésios e Atenienses I.1 e I.20-23
Tradução de Francisco Murari Pires






Tucídides de Atenas compôs a guerra dos peloponésios e atenienses como combateram uns contra os outros. Começou imediatamente à sua eclosão na expectativa de que ela seria grande e mais digna de relato do que as precedentes, pois verificava que, ao entrar em luta, ambos estavam no auge de todos os seus recursos, e observava também que o restante do mundo helênico compunha-se com um dos dois lados - uns de imediato, outros pelo menos em projeto. De fato, esta comoção foi a maior já ocorrida para os helenos e também para uma parcela dos bárbaros, podendo-se mesmo dizer para a maioria da humanidade.

De fato, era impossível apreender com clarividência os acontecimentos anteriores e os ainda mais antigos devido à sua densidade temporal; mas, pelos indícios de cujo extenso exame cheguei a uma convicção, julgo que eles não foram grandes, nem quanto às guerras, nem quanto ao demais.

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Então, tais foram os tempos antigos como os apreendi, dadas as dificuldades que eles apresentam de se confiar em toda série de indícios.
Pois as pessoas acolhem as tradições acerca dos acontecimentos passados, mesmo no caso em que elas sejam de sua própria terra, igualmente sem exame a quando as acolhem junto a outros.
Assim, a massa dos atenienses acredita que Hiparco era tirano quando foi morto por Harmódio e Aristogíton. Eles não sabem que era Hípias quem, por ser o filho mais velho de Pisístrato, detinha o poder, ao passo que Hiparco e Téssalo eram seus irmãos. Ora, Harmódio e Aristogíton, suspeitosos de que algo, naquele mesmo dia à última hora, fora revelado pelos conspiradores ao próprio Hípias, dele se apartaram por recearem-no prevenido. Mas, desejosos de realizar algo antes de serem presos, mesmo que arriscado, mataram Hiparco que se encontrava ocasionalmente junto ao denominado Leocórion a organizar a procissão das Panatenéias.
E acerca de muitos outros fatos, ainda mesmo atualmente vigentes e não apagados pelo tempo, os outros helenos também não concebem corretamente, tal como a de que os reis lacedemônios dispõem não de um voto cada um, mas de dois; e a de que entre eles há um batalhão de Pitane, o qual nunca jamais existiu.
Assim desleixada é a investigação da verdade pela maioria das pessoas que se inclinam antes para a versão corrente.
Com base nos indícios que foram enunciados, não erraria quem julgasse os fatos, de modo geral, assim tais como eu os considerei, e não confiasse nem no que a seu respeito os poetas celebraram tendo antes em vista adornos engrandecedores, e nem no que os logógrafos compuseram tendo em vista antes o que é mais do agrado do auditório ao que é mais verdadeiro, dado que eles são incomprováveis e, na sua maioria submetidos ao tempo, inconfiáveis em razão do carater mítico adquirido. Entendo, todavia, com base no que são os sinais mais evidentes em se tratando dos tempos antigos, que foi suficientemente bem determinado.

Já quanto a esta guerra, se bem que as pessoas sempre julguem maior aquela em que presentemente combatem, mas, com o seu término, admirem sobretudo as do passado, para quem observa a partir dos fatos mesmos, ela se revelará superior àquelas.
E quanto aos discursos que cada uma das partes pronunciou, quer às vésperas da guerra quer já no seu decorrer, era difícil rememorar a exatidão mesma das coisas ditas, tanto para mim quando os ouvira pessoalmente quanto para os que, por outro lado, me informavam. Foi assim como me pareceu quais seriam as coisas especialmente apropriadas que cada uma das partes discorreria acerca de cada uma das situações presentes, que os formulei, atendo-me o mais próximo da proposição total das coisas efetivamente ditas.
Já quanto às ações praticadas na guerra, preferi registrar não a partir de informes ocasionais e nem por minha apreciação, mas sim por aquelas a que eu próprio presenciei e também junto a outros obtendo com tanta exatidão quanto possível a respeito de cada uma. Penosamente as apreendi, porque os que estiveram presentes a cada um dos acontecimentos não diziam as mesmas coisas acerca dos mesmos fatos, mas sim conforme fosse ou a sua inclinação por um dos dois lados ou a sua memória.
E para o auditório, talvez, o carater não fabuloso dos fatos parecerá menos agradável. Mas, a quantos desejarem observar com clareza os acontecimentos ocorridos, e também os futuros que então novamente, conforme o modo humano, ocorrerão semelhos ou análogos, julgarem tais coisas úteis, será o bastante. Constituem uma aquisição para sempre, antes que uma peça para o auditório da ocasião.

Dos acontecimentos anteriores, o maior foi a guerra meda, mas, por duas batalhas no mar e em terra, ela teve rápida decisão.
Já esta guerra alcançou dimensões enormes e comportou, em seu decorrer, sofrimentos para a Hélade como não houve outros em tempo igual. Sim, jamais tantas cidades foram tomadas e despovoadas, sejam pelos bárbaros, sejam pelos beligerantes mesmos, havendo até aquelas que, capturadas, trocaram de habitantes; e jamais tantos exílios e massacres, uns em conformidade com o fato mesmo da guerra, já outros em razão dos conflitos de facções. Também aquelas coisas que outrora se falava por conta da tradição, mas que bem raramente se realizavam de fato, perderam a incredulidade: assim os terremotos, que ao mesmo tempo atingiram a maioria das regiões e foram os mais violentos; os eclipses solares que ocorreram mais freqüentes em relação àqueles de que se tinha memória dos tempos anteriores; grandes secas em certas regiões, mais a fome delas decorrente, e ainda - o que foi causa de dano não menor e, em parte, de destruição - o flagelo da peste. De fato, todas essas coisas se deflagraram conjuntamente no decorrer desta guerra.







Tucídides de Atenas
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(471 - 399 a. C.)
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Historiador e comandante naval ateniense nascido no distrito de Halimunte, em Atenas, considerado um dos maiores historiadores do mundo antigo junto com Heródoto, autor da importante História da Guerra do Peloponeso (431-404 a. C.), entre Atenas e Esparta e os respectivos aliados, e de suas principais conseqüências, um texto dividido em oito livros em prosa e em grego, terminada sete anos (411 a. C.) antes do fim da guerra, da qual havia participado. Filho de Óloros e descendente de família rica e importante de antecedentes na Trácia, sobreviveu a grande peste que atingiu Atenas (430-427 a.C.) e foi eleito estratego (424 a. C.). Tornou-se comandante das forças atenienses na luta contra os espartanos, sendo encarregado de defender a costa da Trácia, durante a guerra do Peloponeso. Por causa da derrota se suas tropas para os espartanos do general Brasidas, na batalha pela cidade de Anfípolis (424 a.C.), foi condenado ao exílio pelos atenienses. Passou vinte anos exilado na Trácia, onde se dedicou a escrever e só depois do fim da guerra (404 a. C.), voltou para a Atenas vencida e concluiu a redação de seu trabalho. Considerado como um dos fundadores da história com ciência, foi profundamente influenciado pelas grandes figuras do apogeu de Atenas, como o grande líder Péricles, o sofista Górgias de Leontinos, o orador Antifon e o pensador Anaxágoras, e exerceu enorme influência sobre os autores romanos. Contou sobre uma guerra entre os espartanos e os atenienses na qual ele mesmo tinha participado, falando de um passado tão recente que quase se confundia com o presente, elaborando uma forma diferente para narrar o passado. Ele declarou que tentou ser o mais neutro quanto possível e que o que escrevia pertencia ao futuro. Alguns o classificam mais como um jornalista do que historiador, pois os seus textos basearam-se essencialmente em relatórios de testemunha e entrevistas. Apesar de a guerra ter durado 27 anos (431-404 a.C.), escreveu apenas sobre um período dela (431- 411 a. C). Na própria Grécia, As Helênicas de Xenofonte, continuariam sua obra histórica, a partir do ponto em que ele interrompeu sua narrativa. Conta a tradição que morreu desiludido com os destinos da democracia ateniense que ele havia glorificado durante a liderança de Péricles, que foi assassinado e que seu túmulo podia ser visto fora dos muros de Atenas.



Tucídides

Historiador grego, filho de Melésias, nascido em Atenas provavelmente no ano de 460 a. C. e desaparecido cerca de 400 a. C.
Teve como mestre de Filosofia Anaxágoras e de Oratória Antifonte.
Após ter sucedido a Címon, representou uma oposição real à política de Péricles, e apesar de ser tecnicamente hábil, introduzindo inclusive a prática das convocações nos partidos, é ostracizado em 443 a. C., permitindo quinze anos de poder político absoluto de Péricles.
Em 424 o espartano Brásidas conquista Anfípolis, episódio ao qual Tucídides, enquanto estratego com responsabilidades, não soube dar resposta. Por tal, é condenado a um desterro de vinte anos, ao que tudo aponta na Sicília. Terá regressado em 403 a. C. após a libertação de Atenas por Trasíbulo.
A obra que pacientemente redigiu, História da Guerra do Peloponeso , é um documento pejado de referências e informações de grande valia para a compreensão da amplitude e importância do conflito na vida da Grécia desse período.
Tucídides considerava a Guerra do Peloponeso como um dos acontecimentos mais importantes da história da Grécia. Sendo uma guerra civil, menos heróica que a guerra contra os Persas, mas mais atroz, fornecia ao pensador matéria mais rica e variada. Para tornar os factos inteligíveis procura-lhes as causas tanto materiais como psicológicas, o que o leva a falar dos recursos económicos de cada país, e a descrever o temperamento dos povos e o carácter das principais personagens. A originalidade de Tucídides afirma-se aliás no seu estilo conciso e vigoroso, com a preocupação constante de sujeitar a língua à expressão das suas ideias profundas e originais. Apoiado num forte sentido crítico, numa comparação equilibrada das partes, imparcial, e num conhecimento profundo do Homem e da própria política, apresenta-nos um trabalho de referência no panorama da literatura histórica. Não conseguiu acabar a sua obra, que compreende os anos 431-411, ao passo que a Guerra só terminou em 404.

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