sábado, 5 de dezembro de 2009

Licurgo +Esparta e a educação




Licurgo de Esparta


LicurgoLicurgo foi um lendário legislador de Esparta. Nada se sabe seguramente sobre a existência desta personagem. Heródoto fala dele em meados do século V a.C., mas a vida do legislador deve ter decorrido no século VIII a.C.. Mas a sua memória seria correntemente mencionada na Esparta do século V, pois os seus habitantes nessa época sentiam a necessidade de atribuir a organização estatal que os regia a um ser humano, e não ao acaso. Se era homem ou deus, rei ou tutor de reis, é coisa que não se apresenta clara, nem mesmo na biografia de Plutarco. Por outro lado, também não é indispensável sabê-lo, dado que a compilação das leis não foi obra pessoal - e a própria lenda assinala que lhe foram entregues pelo oráculo de Delfos para dirigir o seu povo. A maioria das disposições que lhe têm sido atribuídas são reflexo de costumes vigentes muito antes na região. O carácter mágico e obscuro de algumas dessas leis leva a pensar que o conjunto delas fosse uma compilação de usos tradicionais levada a cabo por alguma personagem ligada à religião tradicional ou pelo próprio sentimento do povo, desejoso de retornar à severidade e segurança civil dos tempos passados.

Conta a lenda, que ele, ao terminar o conjunto de leis que regeriam Esparta, solicitou um pedido e uma promessa do rei. Com a concordância e sabedor da fraqueza humana frente às injuções políticas de momento, pediu a promessa que as Leis só seriam alteradas com o aval dele (Licurgo) e pediu sua condenação ao ostracismo, para que as Leis sobrevivessem aos homens. Licurgo também foi o estadista responsavel pelas leis de esparta.A lei de licurgo determinava a educação dos jovens pela cidade de esparta a partir dos 7 anos de idade.






(século XII a.C. ou século VII a.C.)



Não há consenso entre os mais diversos estudiosos da Grécia clássica sobre o momento exato da existência de Licurgo – muitos o vêem mais como uma figura lendária do que propriamente um ser humano real. O primeiro a citá-lo foi Heródoto de Halicarnasso em sua obra clássica História.

Consta que seu irmão Polidecto – até então rei da cidade-estado de Esparta – faleceu deixando a rainha grávida. Licurgo recebeu da viúva de seu irmão a proposta de casar-se com ela, que faria um aborto, e assumir o trono da cidade-estado.

Dotado de elevadíssimo senso ético, Licurgo repeliu veementemente a proposta e, ao nascer-lhe o sobrinho foi o primeiro a proclamar: “Eis o rei que nos nasceu!”. Sua correção moral, sua firmeza diante de um fato que, na prática, o privava de assumir o trono de Esparta granjeou-lhe enorme popularidade, amor e o respeito de todos os espartanos.

A Rainha repelida passou a perseguir Licurgo de todas as formas e este se refugiou em Creta, onde aprendeu muito sobre Leis e Costumes, concluindo que em sociedades de vida mais frouxa no ponto de vista moral o desenvolvimento humano é consideravelmente tolhido, funcionando mais eficazmente aquelas sociedades dotadas de moral mais rígida. Considerava a vida de prazeres e licenciosidade uma forma de escravidão e via liberdade e felicidade numa vida mais regrada, com um regime rígido, severo mesmo

Enquanto peregrinava em estudos, a cidade-estado de Esparta entrou em caos diante de dirigentes fracos que causavam divisão e animosidade entre os cidadãos. Recebeu várias delegações de espartanos suplicando pelo seu regresso, recusou a muitas mas, ao fim e ao cabo, consultou o Oráculo de Delfos e ouviu que sua missão estava realmente em Esparta.

Para restaurar a Ordem diante da situação encontrada, Licurgo decidiu-se por destruir completamente a falha e caótica legislação vigente e, utilizando-se de seu prestígio e das bênçãos do Oráculo de Delfos, apesar de muitas lutas e discussões, conseguiu impor uma Constituição que passou a vigorar em Esparta.

Consta que foi a mais perfeita legislação jamais escrita por sábios humanos mas Licurgo, sempre coerente, sentia uma lacuna. Consultou novamente o Oráculo e ouviu que “Esparta só será efetivamente próspera e feliz se todas as leis forem rigorosamente observadas”.

Optou por sair da cidade-estado para o esquecimento ou ostracismo, exilando-se e deixando a expressa determinação do rigoroso cumprimento da legislação por ele legada.

Conciliando, sob o ensinamento e a legislação herdada por Licurgo, a força e a fraqueza dos homens, assim como a lei, os deveres e necessidades dos cidadãos, em pouco tempo a cidade-estado de Esparta transformou-se de uma das menores e mais insignificantes da Grécia Clássica numa das mais poderosas de toda a península.

O conteúdo básico da Legislação legada por Licurgo foi conservado por fragmentos, transmitidos principalmente por tradição oral. Oracular e aforismático, seu ensinamento consta principalmente de uma série de provérbios correntes em Esparta. Um deles compara a liberdade à servidão; outro deplora a avidez como sendo um vício a ser combatido; um outro exalta a importância de se cumprirem as leis em vigor e um outro ainda evoca a necessidade de se render homenagem aos mais velhos e venerar as coisas sagradas e as tradições de seu povo.

A cidade-estado dedicou-lhe um templo, equiparando-o aos deuses do Olimpo, advindo provavelmente daí a sua fama.

Seu legado a nós até os nossos dias é o respeito às leis e o dever de lutar pelo seu aprimoramento. O sistema político implantado por Licurgo em Esparta é conhecido como “Aristocracia” (de Aristoi = os melhores e cratos = governo - “governo dos melhores”) em contraposição à “democracia” ateniense (de demo = povo e cratos = governo - “governo do povo”)






Esparta e a educação



A cidade-estado de Esparta, situada nas beiras do rio Eurotas, na região do Peloponeso, na Grécia, foi um dos fenômenos mais fascinantes da história em todos os tempos, tão fascinante que até seus vizinhos e rivais, os atenienses , dedicaram-lhe longos estudos sobre os usos, costumes e instituições lá vigentes. Aliás é graças a eles, aos filósofos, a historiadores e pedagogos atenienses: a Platão, a Xenofonte, a Aristóteles, a Isócrates e a Plutarco , que sabemos como os espartanos viveram.






O cenário histórico


Atenas conduz a alma de Hércules para o Olimpo
"Todo o sistema da legislação dos lacedemônios visa uma parte das qualidades do homem - o valor militar, por este ser útil nas conquistas; consequentemente a força dos lacedemônios foi preservada enquanto eles tiveram em guerra , mas começou a declinar quando eles construíram um império, porque não sabiam como viver em paz, e não foram preparados para qualquer forma de atividade mais importante para eles do que a militar."
Aristóteles “Política”, 1271 b


Esparta, por força das circunstâncias da ocupação dória, de quem descendiam seus habitantes, petrificou-se no tempo. A sua estrutura social e seu rígido militarismo pouco mudaram ao longo dos cinco séculos de história. Era uma sociedade que, desde que adotou as leis de Licurgo, quase nada conheceu do que pode se chamar de evolução de um regime político. A razão disso foi que os espartanos, desde os começos quando chegaram à Lacedemônia como povo invasor, tiveram que enfrentar uma população hostil que os superava varias vezes em número e que rebelava-se contra eles a mínima hesitação. Para afirmar-se nela como conquistadores e dominá-la, tiveram que sacrificar-se integralmente àquele tipo de vida. Desta maneira tornaram-se fóbicos à mudanças e à novidades. Como já se disse no passado e foi lembrado mais recentemente por Arnold Toynbee, “os espartanos tornaram-se escravos dos seus escravos”.





Excentricidades de Esparta


Hércules, o deus popular entre os espartanos
Constitucionalmente a polis espartana tinha algumas excentricidades. Por exemplo, ela era governada por uma diarquia, isto é, tinha dois reis que se revezavam no trono. Os monarcas (archangentai) descendentes das duas casas reais (a dos Agiadai e a dos Eurypontidai), eram controlados por um Senado (Gerúsia) composto de 28 senadores (gerontos), com poderes equivalentes ao dos monarcas e que atuava como uma espécie de órgão intermediário entre os cidadãos e o rei, tendo, segundo Platão, a função de lastro, dando estabilidade ao sistema.. Para o controle geral da sociedade aprovaram, em tempos posteriores, uma espécie de regime de fiscais - o eforato - composto por cinco éforos, ou magistrados, eleitos pelo povo, que controlavam todos os aspectos da vida espartana, inclusive corrigindo e censurando os reis.
Devido à militarização generalizada dos costumes deles, chegaram a desenvolver uma linguagem própria, o laconismo: uma fala telegráfica que procurava expressar-se com o mínimo possível de palavras. Obviamente, numa sociedade em que não se cultivava a democracia nem o fascínio pela oratória, não era necessário um estudo muito profundo das coisas nem estimulava-se os discursos retóricos, muito menos a especulação filosófica.





Licurgo


Licurgo (mosaico antigo)
Os espartanos atribuíam a existência da sua severa e abrangente legislação a Licurgo ( que viveu provavelmente entre os séculos 9 e 6 a. C.), tido entre eles como emérito estadista, uma espécie de pai da nação, um personagem quase que mitológico, pois diziam-no descendente de Hércules. O grande homem teria implantado o seu rigoroso código, o código licúrgico, chamado de a Grande Rhetra, famoso em todo o mundo antigo, depois de ter feito uma peregrinação por várias cidades-estados da sua época, impressionando-se vivamente com os costumes existentes em Creta, onde conheceu o poeta Tales, igualmente célebres por sua rigidez. Ao retornar, depois de ter passado pelo oráculo de Delfos e de entrar em contanto com a obra de Homero, de quem selecionou fragmentos das passagens belicosas, conseguiu impô-los pela persuasão e pela força à maioria dos seus concidadãos. Erguendo então os templos a Zeus Syllanius e à Atena Syllania como protetores e fiadores da constituição. Fazendo com que mais tarde o poeta Terpanto celebrasse a virtude dos espartanos dizendo:

“A lança deles era forte
A música deles era suave
Entre eles a justiça tinha
um lugar honrado




Esparta e a educação - O código licúrgico


Templo de Apolo, onde Licurgo inspirou-se para legislar
Acredita-se, na verdade, que o código licúrgico, tanto no político como no educacional, resultou de uma gradativa adaptação dos espartanos às circunstâncias crescentemente adversas. Quanto maior era a resistência a eles na região onde viviam, na Lacedemônia, conhecida por suas sucessivas rebeliões e amotinamentos, mais os espartanos enrijeciam-se, mais militarizada tornava-se a maneira deles viverem Enquanto as demais polis gregas passavam por várias e diversificadas experiências institucionais e por diverso regimes políticos, tais como a oligarquia, a tirania e a democracia, Esparta aferrou-se num sistema de castas militarizadas e disciplinadas, dominado superiormente pelos espartacitas, a quem vedavam qualquer atividade que não fosse exclusivamente as lides castrenses, tendo os periecos como uma classe de colaboracionistas, ajudando-os na ocupação ou fazendo o papel de intermediários entre eles e os servos, e , no escalão bem inferior, os hilotas , os escravos da comunidade. Platão, num certo momento, definiu-a como uma timocracia, isto é governada pela coragem




Agogê, a educação espartana


Soldado espartano
Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos aplicavam para a educação já dizia tudo: agogê ( agoge) , isto é, “adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para a domesticação dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar soldados educados no rigor para defender a coletividade. Assim sendo , temos que entendê-la como um serviço militar estendido à infância e à adolescência. Sabe-se que a criança até os sete anos de idade era mantida com a mãe, mas a partir dos 8 anos enviavam-na para participar de uma espécie de bando que era criado ao ar livre, um tanto que ao deus-dará, onde terminavam padecendo sob um regime de permanente escassez alimentar para que desenvolvessem a astúcia e o engenho para conseguir uma ração suplementar. Adestramento muito similar ao que hoje é feito entre os regimentos especiais de combate contra-insurgente ou dos batalhões da floresta.




Castigos físicos


O pancrácio, a luta-livre dos gregos
Admitiam pois o ardil e o roubo como artifícios válidos na formação das suas crianças e dos seus jovens. Pegos em flagrante, no entanto, ministravam-lhes castigos violentíssimos, sendo submetidos a chiamastigosis ( chiamastigosis), às supliciantes provas de flagelação pública .
Dos 12 aos 15 anos instruíam-nos nas letras e nos cálculos e, naturalmente, no canto de hinos patrióticos do poeta Tirteu que ressaltavam a bravura e a coragem destemida. Na etapa final, entre os 16 e 20 anos, quando denominados de eirén ( eiren), um pouco antes de entrarem no serviço da pátria, eram adestrados nas armas, na luta com lanças e espadas, no arco e flecha. Então aumentavam-lhes a carga dos exercícios e a participação de operações militares simuladas nas montanhas ao redor da polis. Como observou Plutarco, o objetivo era de que sempre andassem “como as abelhas que sempre são partes integrantes da comunidade, sempre juntas ao redor do chefe... parecendo consagradas inteiramente à pátria.”
Cultivando a excelência da força física, que fazia com que Esparta quase sempre arrebatasse os louros nos jogos olímpicos, atuavam em bandos liderados por um proteiras, um líder de esquadra, uma espécie de sargento instrutor, que lhes ensinava as táticas da arte da sobrevivência. A essa altura do agogê, perfilava-se o que Esparta desejava do seu jovem: silencioso, disciplinado , antiintelectual e antiindividualista, obediente aos superiores, vigoroso, ágil, astuto , imune ao medo, resistente às intempéries e aos ferimentos, odiando qualquer demonstração de covardia, fiel ao esprit de corps e fanaticamente dedicado à cidade.



O cultivo da coragem


O jovem deus estrangulando a serpente
Platão, ao comentar a educação espartana, observou que sua principal falha era exatamente a ênfase excessiva nos exercícios físicos , conquanto que a boa educação resultava de um composto da ginástica e da música, aqui entendida como a educação humanística em geral. Além disso, a obsessão militarista impedia-os de saberem conduzir-se em tempos de paz e mesmo em administrar sociedades conquistadas por eles que não tinham os mesmos valores deles. A ausência de elasticidade os fazia perder. A crítica maior, porém, dirige-se ao objetivo final disso tudo que era a de desenvolver exclusivamente a coragem ( thimos). O jovem, transformado num menino-soldado, não teria receio de nada que envolvesse as artes militares, as manobras em campos de batalha ou as ameaças dos inimigos da coletividade. A coragem, antes de tudo, era uma obsessão espartana. Por conseqüência não apreciavam nenhum tipo de tolerância, nem desenvolveram sensibilidades outras que os tornassem mais humanos e cordatos.



Esparta e a educação - Intolerância


O guerreiro ferido
Qualquer fraqueza demonstrada era vista como pusilanimidade, algo veemente repelido do seio daquela sociedade. Para corrigir eventuais defeitos de comportamento e possíveis hesitações, os instrutores recorriam à sinistra presença do mastigáphoroi (mastigaphoroi), o “portador do látego”, encarregado em aplicar chibatadas e suplícios outros que eram estendidos inclusive às mulheres, paradoxalmente consideradas as mais livres e as mais endurecidas da Grécia Antiga.
A fim de dotar de coragem os seus infantes, os legisladores espartanos criaram a críptia ( kryptia), um “esquadrão de extermínio”, que estimulava os jovens selecionados a caçarem, sozinhos ou em grupos, os hilotas , os escravos que por acaso andassem desgarrados ou que, de alguma forma, representassem pelo seu vigor físico uma ameaça à segurança deles. Localizados, eram vitimados pela espada ou pela lança, armas que o bando de jovens sempre traziam consigo. Na verdade, as operações da críptia não passavam de assassinatos legitimados. Foi essa liberalidade homicida, este direito dos mais forte matarem a quem bem entendessem, que fez com que dissessem que os “espartanos livres eram completamente livres, e os escravos, escravos até os limites.”



Influências


Um gladiador, exposição máxima da coragem
Tal sistema educacional, na verdade um adestramento para as armas, graças ao seu conservadorismo e tradicionalismo, que se somavam a uma ausência de crítica e à completa cegueira patriótica, fez as delícias dos pensadores aristocratas da Grécia Antiga, que tomaram-no como um regime perfeito, um modelo ( arkê) a ser seguido por todos.. Modernamente, os regimes fascistas e nazista abertamente nele se inspiraram para a montagem das balilas fascistas e da Hitlerjügen, a juventude hitlerista nacional-socialista, nos anos 20 e 30 do século XX. Até mesmo Rousseau, identificado como o mentor da pedagogia liberal dos nossos tempos, não se poupou em render homenagens ao agogê por estimular o ardor patriótico e a valorização da coletividade bem acima do interesse privado.
Mas também se projetou, num sentido bem mais amplo, por outra razão: a defesa da idéia básica de que a educação era um assunto de interesse coletivo e que não havia ninguém melhor do que o Estado para promovê-la. Ele era o único instrumento coletivo capaz de poder integrar ou sublimar as vocações privadas, submetendo-as ao bem geral. Essa era a admiração maior que Platão devotou ao sistema educacional espartano, cujo modelo não se encerrará apenas nas preferências do filósofo, mas também renascerá com toda a força no Iluminismo , no século XVIII. A partir de então, a educação estatizada, pública e gratuita, tornou-se moeda corrente em todos as políticas educacionais modernas, não importando qual a sua ideologia.





Licurgo de Esparta
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(~ 720 - 680 a. C.)
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Legendário legislador militar espartano, fundador da maior parte das instituições políticas e militares de Esparta, que fez desta cidade-estado um modelo único entre as cidades da antiga Grécia, porém provavelmente pode ter sido mais uma figura lendária da cidade-estado erguida pelos dóricos no Peloponeso. Influenciado pelo oráculo de Delfos ou pelas leis de Creta, pouco se sabe seguramente sobre a existência desta personagem. Segundo Heródoto (484-425 a. C.) teria vivido no século VIII a. C. e pertencia a uma das duas estirpes que se revezavam no poder. Sabe-se que os espartanos desta época sentiam a necessidade de uma organização estatal régia criada e dirigida por um ser humano. Assim ele teria surgido como esse legislador e inspirado nas instituições de Creta, criou as de Esparta. Segundo Xenofonte (427-355 a. C.), ele implantou as instituições logo após a invasão da Lacônia pelos dóricos. Já Plutarco de Queronéia (46-119) afirmou ter sido ele o introdutor dos poemas de Homero (~850-750 a. C) em Esparta, porém nem mesmo na biografia escrita por este autor ficou claro se ele era homem ou deus, rei ou mesmo tutor de reis. Para aumentar a dúvida, consta que a compilação das leis não teria sido obra pessoal e sim, que lhe foram entregues pelo oráculo de Delfos para dirigir o seu povo. Suas leis eram orais e incluíam instruções para vida em casa e em sociedade, bem como proibições contra o luxo. Também a história demonstrou que a maioria das disposições que lhe têm sido atribuídas foram reflexos de costumes vigentes muito antes na região. Segundo o artigo Licurgo de Esparta, da Wikipédia, a enciclopédia livre da net, o caráter mágico e obscuro de algumas dessas leis leva a pensar que o conjunto delas fosse uma compilação de usos tradicionais levada a cabo por alguma personagem ligada à religião tradicional ou pelo próprio sentimento do povo, desejoso de retornar à severidade e segurança civil dos tempos passados. Consta que depois de transformar Esparta em um estado militar, autoexilou-se depois de fazer com que os espartanos jurassem que não mudariam suas leis. Partiu então para Creta, onde pouco depois teria cometido um suicídio premeditado.


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Licurgo de Atenas
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( ~ 396 - 324 a. C.)
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Orador e estadista grego nascido em Atenas, famoso por sua pregação pela integridade e que se tornou financeiramente próspero e orador de sucesso cidade-estado ática. Foi aluno de Platão e Isócrates e escreveu em grego. Ele melhorou significativamente poder financeiro de Atenas depois de readministrar suas finanças e construindo ou reformando vários edifícios públicos. Tornou-se aliado de Demóstenes, na sua oposição como orador contra Filipe II da Macedônia.




Licurgo



“Licurgo expôe os benefícios da educação” Caesar Van Everdingen, 1660


A LEBRE E O CÃO DE CAÇA - FÁBULAS

0 ESOPO é uma lenda segundo alguns críticos. Esta fábula ele a conta assim: Um cão de caça trouxe para o ninho
de seus filhotes um filhote de lebre para que comessem. Mas, os cachorrinhos pediram e fizeram tal berreiro que a mãe teve que deixar a lebre como amiguinha para seus filhotes e ainda a amamentou. Cresceram todos como qualquer criança brincando e convivendo. Moral - Conviver até os animais inimigos entre si podem aprender. Essa fábula foi contada como lenda na civilização de Atenas da democracia (que, pelo modo que vai o mundo vai ser também uma fábula em breve). Mas é contada sobre outras três lendas - Esparta, Menelau e Licurgo. Na verdade não sabemos se algum deles existiu. Dizem que Menelau, rei em Esparta, depois de vencer Tróia (lembram da lenda?) chamou o grande sábio Licurgo e lhe pediu uma prova de que a educação é importante. Licurgo pediu um ano para demonstrar o valor da educação. No dia marcado o rei foi à praça e Licurgo instalou dois cercados para pequenos animais e soltou no primeiro uma lebre e em seguida um cão de caça que a perseguiu e devorou. No segundo repetiu a mesma prova colocando uma lebre e um cão de caça e os dois saltaram e brincaram como bons amigos. O sábio voltou-se para o rei e disse: Estes dois foram educados para conviver. Menelau não tomou conhecimento do termo "conviver" e entendeu que a educação pode tudo e mandou educar seus cidadãos desde crianças para conflitar e serem fortes e duros guerreiros, os mais duros que a História já conheceu. Porém, Esparta foi tão dura que quando quebrou nunca mais se refez. Talvez tudo isso seja apenas lendas que os gregos contavam - Menelau, Licurgo, Esparta... E isso era contado em Atenas que sobreviveu com a legislação de Sólon para educar com democracia, onde se desenvolveram artes, ciências, filosofias. Pode ser que em breve isto seja contado também como fábulas. Podemos tirar nossa conclusão para a ecologia. Se um cão e uma lebre podem ser educados para conviver, quando o cão é de natureza carnívora, por quais razões o homem que é de natureza frugívora, precisa de tantos bois para consumir produzindo tanto gás metano (que os vegetais não absorvem, pois só absorvem o CO2)? Como sabemos, o gás metano de todos os apodrecimentos fica nas baixadas e é sugado pelo ar ascendente nos incêndios de prédios, favelas, florestas e campinas, auMEnTANdO a violência do fogo! Alguém que não é fábula nem lenda falou claro - "se não vos tornardes como essas crianças a brincar, não entrareis no Reino". Estaria ele contando a mesma estória de Esopo com as crianças de lebre e de cachorro convivendo? Enfim, quanta coisa podemos aprender de uma simples fábula?






História Geral » Esparta e Atenas
Sólon (Atenas) e Licurgo (Esparta): diferentes idéias políticas no Mundo Grego
Ao estudarmos a Grécia Antiga, temos uma falsa impressão sobre a organização dessa civilização clássica. Em geral, os livros didáticos falam repetidamente sobre as características da Grécia como se tratasse de um povo dotado de características comuns. No entanto, ao conhecermos sua organização política descentralizada, acabamos tendo fortes indícios de que, dentro do “mundo grego”, existiam povos com diferentes costumes e tradições.

Nesse sentido, a comparação entre as cidades-Estado de Esparta e Atenas nos oferece um quadro de contrastes muito interessante, dessa forma, podemos entender a diversidade cultural encontrada dentro desse território. As formas de concepção do mundo, os papéis desempenhados pelos sujeitos sociais, as instituições políticas, valores e tradições desses dois povos são de grande utilidade para que possamos, assim, apagar a impressão de que existe um povo grego marcado pela mesma cultura.

No que diz respeito às instituições políticas, Atenas conta com uma trajetória onde depois da adoção dos regimes monárquico e aristocrático, criou-se uma forma de governo democrática. Mesmo sendo considerado um “governo do povo”, aqueles que participavam da democracia ateniense correspondiam a menos de 20% da população. Já em Esparta, as questões políticas eram de obrigação de um conjunto de 28 homens, maiores de 60 anos, que formavam a Gerúsia. Além disso, existiam dois reis, que formavam a chamada Diarquia. As funções desses reis eram ligadas às questões religiosas e militares.

O papel desempenhado por homens e mulheres nas sociedades ateniense e espartana, também tinha suas especificidades. Em Esparta, as mulheres recebiam uma rigorosa educação física e psicológica. Além disso, elas participavam das reuniões públicas, disputavam competições esportivas e administravam o patrimônio familiar. Em contrapartida, a cultura ateniense restringia suas mulheres ao mundo doméstico. A docilidade e a submissão ao pai e ao marido eram valores repassados às mulheres atenienses.

A questão educacional nas duas cidades também apresentava diferenças entre si. As instituições atenienses se preocupavam em desenvolver um equilíbrio entre mente e corpo. Dessa forma, a educação buscava conciliar a saúde física e o debate filosófico. Já em Esparta, dada sua intensa tradição militarista, privilegiava-se o treinamento do corpo. Os jovens espartanos aprendiam a escrever aquilo que era estritamente necessário. Dessa forma, o cidadão espartano deveria ser forte e resistente, um indivíduo apto para as batalhas militares.

Com toda certeza, não poderíamos julgar quais dessas duas diferentes culturas do mundo clássico foi mais “desenvolvida” ou “sofisticada”. Nem mesmo poderíamos concluir que os atenienses eram simples antíteses dos espartanos. As diferenças entre as experiências vividas por Atenas e Esparta podem nos explicar tantos contrastes. Dessa forma, as comparações aqui desenvolvidas apenas nos dão uma amostra da riqueza dos costumes, tradições e histórias que envolveram as cidades-Estado do Mundo Grego.

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