terça-feira, 24 de novembro de 2009

REIA



Réia, ladeada por dois leõesMitologia grega

Reia (português europeu) ou Réia (português brasileiro) (AO 1990: Reia), na mitologia grega, era uma titã, filha de Urano e de Gaia. Na mitologia romana é identificada com Cibele, uma das manifestações da Deusa mãe, Magna Mater.

Irmã e esposa de Cronos, gerou Deméter, Hades, Hera, Hestia, Posídon e Zeus, segundo a Teogonia de Hesíodo. Por ser mãe de todos deuses do Olimpo, é conhecida como Mãe dos Deuses. É uma deusa relacionada com a fertilidade.

Devido a um oráculo de Urano, que profetizara que Cronos seria destronado por um dos filhos, este passou a engolir todos os filhos assim que nasciam. Réia decidiu que isto não ocorreria com o sexto filho. Assim, quando Zeus nasceu, Reia escondeu-o numa caverna no Monte Ida em Creta ao cuidado dos assistentes curetes posteriormente sacerdotes e, no lugar do filho, deu a Cronos uma pedra enrolada em panos. Cronos engoliu-a, pensando ser o filho. Há diversas versões sobre quem criou Zeus. Algumas relatam que ele foi criado por Gaia; outras, por uma ninfa (Adamantéia ou Cinosura); segundo uma outra versão, foi nutrido por uma cabra (Amaltéia). Ao atingir a idade adulta, Zeus destronou o pai, forçou-o a vomitar os irmãos e assumiu o Olimpo.

Seguindo a ascensão do filho Zeus ao status de rei dos deuses, ela contestou uma parte do mundo e acabou refugiando-se nas montanhas, onde cercou-se de criaturas selvagens. Geralmente, é associada a leões ou a uma biga puxada por leões.

Na Ásia Menor, era conhecida como uma deusa terrestre, sendo venerada com ritos orgíacos. O nome significa "fluxo", aparentemente em referência à menstruação feminina, e "reconforto", talvez em referência aos partos fáceis [1].


Réia ou Cibele
Saturno, se bem que pai dos três principais deuses, Júpiter, Netuno e Plutão, não teve entre os poetas o título de Pai dos Deuses, talvez devido à crueldade que exerceu sobre os filhos, enquanto que Réia, sua esposa, era chamada a Mãe dos Deuses, a Grande Mãe, e era venerada com esse nome.

Os diferentes nomes com que é designada a mãe de Júpiter exprimiam sem dúvida atribuições diversas da mesma pessoa. Realmente essa deusa, sob qualquer dos seus muitos nomes, é sempre a Terra, mãe comum de todos os seres. Réia ou Cibele, que nas cerimônias dos cultos e crenças religiosas dos povos, parece ter sido o mais honrado. Eis o que se contava de Cibele:

Filha do Céu e da Terra, por conseguinte a própria Terra, Cibele, mulher de Saturno, era chamada a Boa Deusa, a Mãe dos Deuses, por ser mãe de Júpiter, de Juno, de Netuno, de Plutão e da maior parte dos deuses de primeira ordem. Logo depois de nascer, sua mãe expô-la em uma floresta, e os animais ferozes tomaram conta dela e alimentaram-na. Enamorou-se de Atis, jovem e formoso frígio, a quem confiou o cuidado do seu culto, sob a condição de que ele não violaria o seu voto de castidade. Atis esqueceu o juramento desposando a ninfa Sangarida, e Cibele puniu-o matando a rival. Atis ficou profundamente magoado; num acesso de delírio e desgraçado se mutilou; e ia enforcar-se, quando Cibele, com uma compaixão tardia, mudou-o em pinheiro.

O culto de Cibele tornou-se célebre em Frígia, de onde foi levado a Creta. Foi introduzido em Roma na época da segunda guerra púnica. O simulacro da Boa Deusa, uma grande pedra muito tempo conservada em Pessino, foi colocada no templo da Vitória, no monte Palatino. Foi um dos penhores da estabilidade do império, e se instituiu uma festa, com combates simulados, em honra de Cibele. Os seus mistérios, tão dissolutos como os de Baco, eram celebrados com um confuso ruído de oboés e címbalos; os sacrificadores davam uivos.

Sacrificavam-lhe uma porca, pela sua fertilidade, um touro ou uma cabra, e os padres, durante esses sacrifícios, sentados, batiam palmas no chão. O buxo e o pinheiro eram-lhe consagrados; o primeiro por ser a madeira de que se faziam as flautas, instrumentos empregados nas festas, e o segundo por causa do desgraçado Atis a quem Cibele tanto amara. Os seus sacerdotes eram os Cabiros, os Coribantes, os Curetes, os Dáctilos do monte Ida, os Galos, os Semíviros e os Telquinos, quase todos geralmente eunucos, em memória de Atis.

Representava-se Cibele com os traços e o garbo de uma mulher robusta, com uma coroa de carvalho, árvore que havia alimentado os primeiros homens. As torres sobre a sua cabeça representam as cidades que estão sob a sua proteção, e a chave que está em sua mão indica os tesouros que o seio da terra esconde no inverno e oferece no estio. É conduzida num carro tirado por leões. O carro é o símbolo da Terra que se balança e rola no espaço; os leões demonstram que nada, por mais feroz, deixará de ser domado pela ternura maternal, ou por outra, - que não há solo rebelde à indústria fecunda. As suas vestes são matizadas, geralmente verdes, alusão aos ornatos da natureza. O tambor que está a seu lado é o globo terrestre; os címbalos, os gestos violentos dos seus sacerdotes indicam a atividade dos lavradores e o ruído dos instrumentos da agricultura.

Alguns poetas supuseram que Cibele era a filha de Meon e Dindimo, rei e rainha da Frígia. Seu pai, tendo percebido que ela amava Atis, fez que este morresse com suas mulheres, e atirou os seus corpos em um montouro. Cibele ficou inconsolável.

Ops
Ops, o mesmo que Cibele e Réia ou a Terra, é representada como uma venerável matrona que estende a mão direita oferecendo socorro, e que com a esquerda dá pão ao pobre. Era também considerada com a deusa das riquezas. O seu nome quer dizer socorro, auxílio, assistência.

Não há que admirar de ver-se a Terra, tantas vezes personificada sob denominações diferentes. Fonte inesgotável de riquezas, mãe fecunda de todos os bens, ela se oferecia à adoração dos povos sob vários aspectos, conforme o clima e a região; daí, as múltiplas lendas e os seus inumeráveis símbolos.

Tártaro
De etimologia desconhecida, até o momento, é o local mais profundo das entranhas da terra, localizado muito abaixo do próprio Hades. A distância que separa o Hades do Tártaro é a mesma que existe entre Géia, a Terra, e Úrano, o Céu. Um pouco mais tarde, quando o Hades foi dividido em três compartimentos, Campos Elísios, local onde ficavam por algum tempo os que pouco tinham o purgar, Érebo, residência também temporária dos que muito tinham a sofrer, o Tártaro se tornou o local de suplício permanente dos grandes criminosos, mortais e imortais. Quando Zeus proíbe os Imortais de se imiscuírem nas batalhas entre aqueus e troianos, e ameaça lançar os recalcitrantes nas profundezas do Tártaro, observa-se que este é perfeito sinônimo de Hades, aonde iam ter, para todo o sempre, sem prêmio nem castigo, todas as almas. A divisão do Hades em compartimentos é pós-homérica.

Em Hesíodo a idéia de permanência eterna na outra vida já parece também existir, pelo menos para alguns deuses e mortais: lá foram lançados os Titãs e as almas dos homens da Idade de Bronze. Os Ciclopes tiveram mais sorte: duas vezes lançados no Tártaro, duas vezes de lá foram libertados, o que demonstra que para algumas divindades o Tártaro podia funcionar apenas como prisão temporária, ao menos até Hesíodo. Seja como for, é no Tártaro que as diferentes gerações divinas lançam sucessivamente seus inimigos, como os Ciclopes e depois os Titãs.

Hemera
Hemera, (Heméra), cuja base é o ino-europeu, "claridade". Hemera é a personificação do Dia, concebido como divindade feminina, formando com Éter um par, enquanto Érebo e Nix formam o outro.

Nix
Nix, é a personificação e a deusa da noite, cuja raiz é o indo-europeu - "escuridão". Habita o extremo Oeste, além do país de Atlas. Enquanto Érebo personifica as trevas subterrâneas, inferiores, Nix personifica as trevas superiores, de cima.

Percorre o céu, coberta por um manto sombrio, sobre um carro puxado por quatro cavalos negros e sempre acompanhada das Queres. À Noite só se podem imolar ovelhas negras. Nix simboliza o tempo das gestações, das germinações e das conspirações, que vão surgir à luz do dia em manifestações de vida. É muito rica em todas as potencialidades de existência, mas entrar na noite é regressar ao indeterminado, onde se misturam pesadelos, íncubos, súcubos e monstros. Símbolo do inconsciente, é no sono da noite que aquele se libera.

Montes. Montanhas
No grego hesiódico (Úrea), do verbo (óresthai), "elevar-se", personificados como filhos de Géia, são em Hesíodo a "agradável habitação das Ninfas". Por sua altura e por ser um centro, a montanha tem um simbolismo preciso. Na medida em que ela é alta, vertical, aproximando-se do céu, é símbolo de transcendência; enquanto centro de hierofanias (manifestações do sagrado) e de teofanias (manifestações dos deuses), participa do simbolismo da manifestação. Como ponto de encontro entre o céu e a terra, é a residência dos deuses e o termo da ascensão humana. Expressão da estabilidade e da imutabilidade, a montanha, segundo os sumérios, é a massa primordial não diferenciada, o Ovo do mundo. Residência dos deuses, escalar a montanha sagrada é caminhar em direção ao Céu, como meio de se entrar em contato com o divino, e uma espécie de retorno ao Princípio.

Todas as culturas têm sua montanha sagrada. Moisés recebeu as Tábuas da Lei no Monte Sinai; Garizim foi e continua a ser um cume sagrado nas montanhas de Efraim; o sacrifício de Isaac foi sobre a montanha; Elias obtém o milagre da chuva nos píncaros do monte Carmelo; uma das mais belas pregações de Cristo foi o Sermão da Montanha; a transfiguração de Jesus foi sobre uma alta montanha e sua ascensão, sobre o monte das Oliveiras...

Os exemplos poderiam multiplicar-se. Acrescentemos, apenas, que o monte Olimpo era a morada dos deuses gregos; Dioniso foi criado no monte Nisa e Zeus o foi no Monte Ida. Montesalvat do Graal está situado no meio das ilhas inacessíveis.

Na realidade, Deus está sempre mais perto quando se escala a montanha.

Pontos
Em grego (Póntos), talvez da raiz * pent, ação de caminhar, o sânscrito tem, caminho, e o latim pons, ponte, passarela. Pontos é, pois, a marcha, o caminho, "os caminhos do mar". Personificado, passou a figurar como representação masculina do mar. Não possuindo um mito próprio, aparece apenas nas genealogias teogônicas e cosmogônicas. O mar simboliza a dinâmica da vida. Tudo sai do mar e a ele retorna, tornando-se o mesmo, o lugar de nascimentos, transformações e renascimentos. Águas em movimento, o mar simboliza um estado transitório entre as possíveis realidades ainda informais e as realidades formais, uma situação de ambivalência, que é a da incerteza, da dúvida e da indecisão, que se pode concluir bem ou mal. Daí ser o mar simultaneamente a imagem da vida e da morte. Cretenses, gregos e romanos sacrificavam ao mar cavalos e touros, ambos símbolos de fecundidade. Símbolo também de hostilidade ao divino, o mar acabou por ser vencido e dominado por um deus. Segundo as cosmogonias babilônicas, Tiamat (O Mar), após contribuir para dar nascimento aos deuses, foi por um deles vencido. Javé, tinha domínio total sobre o mar e seus monstros, como diz Jó 7,12:

"Acaso sou eu o mar ou baleia, para me teres encerrado como num cárcere?"

Criação de Deus (GN 1,9-10), o mar tem que lhe estar sujeito (Jr 31,35). Cristo dá ordens aos ventos e ao mar, e as tempestades se transformam em bonança (Mt 8, 24-27).

João (Ap 21,1) canta o mundo novo, em que o mar não mais existirá.

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