quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LENDAS DE AMAZONAS





Lendas da Amazônia
As principais lendas da Amazônia são: Boto, Iara, Saci, Curupira, Macunaíma, Guaraná, Vitória Régia, Açai, Cobra Grande, Matinta Pereira, Mandioca, gente que vira bicho, Mapinguari, Monte Roraima, Cobra Norato, Ceuci, Bahira, Boitatá, Caipora, Muiraquitã, Tamba-Tajá, Uirapuru, Peixe-boi, lenda da lua, lenda dos rios, lenda do sol, Quem te dera, Pirarucu, Eldorado, lenda das Amazonas.
Conheça as lendas (contos índigenas) que fazem parte do folclore da região Amazônica. Uma visão peculiar de como os Índios nativos entendiam e explicavam os fenômenos da natureza: rios, sol, lua e as plantas. São lendas surpreendentes que fazem parte do folclore e enriquecem a cultura brasileira.

O BOTO



O boto é um rapaz belo, de andar desajeitado e que usa roupas, chápeu e sapatos brancos, cobre parte do rosto e tem um buraco no alto da cabeça. O boto, segundo a lenda,costuma aparecer nas festas ou à beira de trapiches. Gosta de moças ingênuas, de preferência virgem ou menstruada, é um sujeito caladão e sinistro que tem o poder de encantar as moças novas, que ao primeiro olhar se apaixonam. Depois de conseguir o que quer, o boto corre e mergulha no rio ou igarapé. Muitas meninas do interior que engravidam se aproveitam da lenda e atribuem sua gravidez ao boto.







CURUPIRA



Na lenda o Curupira é descrito como um menino baixinho, cabelos cor de fogo e pés virados para trás, o protetor da mata e dos habitantes locais. O Curupira tem por hábito sentar-se a sombra das mangueiras para comer os frutos e quando avistado por alguém sai em disparada em uma velocidade estonteante. Apesar de ser o protetor da mata e dos habitantes locais, o curupira costuma se encantar por crianças pequenas, que são levadas embora e devolvidas após 7 anos.
Além de encantar crianças, o Curupira possue o dom de encantar adultos, caçadores que após o encantamento ficam a andar em círculos perdido dentro da mata.
Segundo a lenda, para quebrar esse encanto, o caçador deve parar de andar, pegar um pedaço de cipó e fazer um bolinha, como um novelo escondendo a ponta de maneira que não possa ser desenrolado e depois pegar a bolinha bem longe e gritar: "quero ver tu achares a ponta", muito curioso, o Curupira sai a procura do novelo. Assim o encanto será quebrado e a pessoa consegue sair da mata




VITÓRIA RÉGIA



A Lenda da Vitória Régia, conta que uma índia chamada Naiá, ao contemplar a lua (Jaci) que brilhava no céu apaixona-se por ela. Segundo contava os índigenas, Jaci descia a terra para buscar alguma virgem e transformá-la em estrela do céu. Naiá ao ouvir essa lenda, sempre sonhava em um dia virar estrela ao lado de Jaci. Assim todos os dias, Naiá saia de casa para contemplar a lua e aguardar o momento da lua descer no horizonte e sair correndo para tentar alcançar a lua. Todas as noites Naiá repetia essa busca na tentativa de alcançar a lua, até que um dia adoeceu, triste com a indiferença de Jaci, começou a ficar cada dia mais doente, mas não desistia de seu sonho. Um dia Naiá, muito fraca corre mais uma vez para tentar alcançar a lua, nessa noite Naiá cai na mata e quando acorda vê o reflexo da lua nas águas do igarapé, sem exitar mergulha na água e se afoga. Mas Jaci se sensibiliza com o esforço de Naiá e a transforma na grande flor do Amazonas, a Vitória Régia, que só abre suas pétalas ao luar.




MACUNAÍMA



Nas terras de Roraima havia uma montanha muito alta onde um lago cristalino era expectador do triste amor entre o Sol e a Lua. Por motivos óbvios, nunca os dois apaixonados conseguiam se encontrar para vivenciar aquele amor. Quando o Sol subia no horizonte, a lua já descia para se pôr. E vice-versa. Por milhões e milhões de anos foi assim. Até que um dia, a natureza preparou um eclipse para que os dois se encontrassem finalmente. O plano deu certo. A Lua e o Sol se cruzaram no céu. As franjas de luz do sol ao redor da lua se espelharam nas águas do lago cristalino da montanha e fecundaram suas águas fazendo nascer Macunaíma, o alegre curumim do Monte Roraima.
Com o passar do tempo, Macunaíma cresceu e se transformou num guerreiro entre os índios Macuxi. Bem próximo do Monte Roraima havia uma árvore chamada de "Árvore de Todos os Frutos" porque dela brotavam ao mesmo tempo bananas, abacaxis, tucumãs, açaís e todas as outras deliciosas frutas que existem. Apenas Macunaíma tinha autoridade para colher as frutas e dividi-las entre os seus de forma igualitária.
Mas nem tudo poderia ser tão perfeito. Passadas algumas luas, a ambição e a inveja tomariam conta de alguns corações na tribo. Alguns índios mais afoitos subiram na árvore, derrubaram-lhe todos os frutos e quebraram vários galhos para plantar e fazer nascer mais árvores iguais àquela.
A grande "Árvore de Todos os Frutos" morreu e Macunaíma teve de castigar os culpados. O herói lançou fogo sobre toda a floresta e fez com que as árvores virassem pedra. A tribo entrou em caos e seus habitantes tiveram que fugir. Conta-se que, até hoje, o espírito de Macunaíma vive no Monte Roraima a chorar pela morte da "Árvore de todos os frutos".





LENDA DA COBRA GRANDE



A lenda da cobra Honorato ou Norato é uma das mais conhecidas sobre cobra grande (ou boiúna) na região amazônica. Conta-se que uma índia engravidou da Boiúna e teve duas crianças: uma menina que se chamou de Maria e um menino chamado de Honorato. Para que ninguém soubesse da gravidez, a mãe tentou matar os recém-nascidos jogando-os no rio. Mas eles não morreram e nas águas foram se criando como cobras. Porém, desde a infância os dois irmãos já demonstravam a grande diferença de comportamento entre eles. Maria era má, fazia de tudo para prejudicar os pescadores e ribeirinhos. Afundava barcos e fazia com que seus tripulantes morressem afogados. Enquanto seu irmão, Honorato, era meigo e bondoso. Quando sabia que Maria ir atacar algum barco, tentava salvar a tripulação. Isso só fazia com que ela o odiasse mais ainda. Até que um dia os irmãos travaram uma briga decisiva onde Maria morreu tendo antes cegado o irmão.
Assim, as águas da Amazônia e seus habitantes ficaram livres da maldade de Maria. E Honorato seguiu seu caminho solitário. Sem ter quem combater, Honorato entendeu que seu fado já havia sido cumprido até demais e resolveu pedir para ser transformado em humano novamente. Para isso, precisava que alguém tivesse a coragem de derramar "leite de peito" (leite de alguma parturiente) em sua enorme boca em uma noite de luar. Depois de jogar o leite a pessoa teria que provocar um sangramento na enorme cabeça de Honorato para que a transformação tivesse fim.
Foram muitas as tentativas, mas ninguém conseguia ter tanta coragem. Até que um soldado de Cametá, município do interior do Pará, conseguiu reunir coragem para fazer a simpatia. Foi ele quem deu a Honorato a oportunidade de se ver livre para sempre daquela cruel maldição de viver sozinho como cobra. Em agradecimento, Honorato virou soldado também.
Mas a lenda da cobra grande originou várias outras histórias. Uma delas, do estado de Roraima, tem como cenário o famoso rio Branco. Conta-se que a cunhã poranga (índia mais bela da tribo) apaixonou-se pelo rio Branco e, por isso, Muiraquitã ficou com ciúme. Para se vingar, Muiraquitã transformou a bela índia na imensa cobra que todos passaram a chamar de Boiúna. Como ela era tinha um bom coração, passou a ter a função de proteger as águas de seu amado rio Branco.
Existem ainda algumas crenças que buscam explicar a existência de cobras grandes na região Amazônica. Acredita-se, por exemplo, que quando uma mulher engravida de uma visagem a criança fruto desse terrível cruzamento está predestinada a ser uma cobra grande. Essa crença é bastante comum entre as populações que habitam as margens dos rios Solimões e Negro, no Amazonas. Há ainda quem acredite que a cobra grande pode nascer de um ovo de mutum. Existe ainda outra versão, mais comum no estado do Acre, sobre uma cobra grande que parece ser a versão feminina do boto. Segundo essa lenda, a cobra grande se transforma numa bela morena nas noites de luar do mês de junho para seduzir os homens durante os arraiais de festas juninas.
Há ainda os que contam que a cobra grande pode algumas vezes parecer um navio para assustar os ribeirinhos. Refletindo o luar, suas enormes escamas parecem lâmpadas de um navio todo iluminado. Mas quando o "navio" chega mais perto é possível ver que na verdade é uma cobra grande querendo dar o bote.Em Belém, há uma velha crença de que existe uma cobra grande adormecida embaixo de parte da cidade, sendo que sua cabeça estaria sob o altar-mor da Basílica de Nazaré e o final da cauda debaixo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Outros já dizem que a tal cobra grande está com a cabeça debaixo da Igreja da Sé, a Catedral Metropolitana de Belém, e sua cauda debaixo da Basílica de Nazaré. Os mais antigos dizem que se algum dia a cobra acordar ou mesmo tentar se mexer, a cidade toda poderá desabar. Por isso, em 1970 quando houve um tremor de terra na capital paraense falava-se que era a tal cobra que havia apenas se mexido. Os mais folclóricos iam mais longe: "imagine se ela se acorda e tenta sair de lá!".

O folclorista Walcyr Monteiro conta, após décadas de estudo sobre manifestações folclóricas da Amazônia, que em Barcarena (PA) existe o lugar conhecido como "Buraco da Cobra Grande",
considerado atração turística do local.





MATINTA PEREIRA



Não existe consenso a respeito de matita pereira ser um pássaro ou uma velha. O fato é que Matita possue um assobio inconfundivel, que o caçador ao ouvir não tem dúvidas de ser ela. Matita, segundo a lenda sai a noite sobrevoa a casa daquele que zombou dela ou que a maltratou durante o dia, assombrando e assustando as criações de animais ou cachorros. Matita gosta de mascar tabaco, um ponto fraco usado por aqueles que querem descobrir a identidade de Matita. Segundo a lenda, quando alguém ouve o assobio de Matita na mata logo grita bem alto: "Vem buscar tabaco!". no dia seguinte, nas primeirs horas da manhã Matita bate a porta da pessoa para buscar o tabaco prometido. A pessoa se assusta e logo procura um pedaço de fumo para ofertar a Matita, caso a pessoa não der, matita volta a noite para assombrar a casa não deixando ninguém dormir.
Algumas lendas contam que caçadores que encontraram matita no meio da mata, descreveram matita como uma mulher velha com cabelos compridos e despenteados e que tem o corpo suspenso, flua com os braços levantados. Quem a ver fica paralizado de pavor.
Uma outra lenda a respeito de Matita Pereira, diz que quando Matinta pressente sua morte, elasai vagando pela noite e gritando: "quem quer? Quem quer?, quem responder "eu quero", fica coma maldição de virar Matinta.






MONTE RORAIMA



Os índios Macuxi contam que antigamente, no local onde hoje existe o Monte Roraima, existiam apenas terras baixas e alagadiças, cheias de igapó. As tribos que viviam naquela área não precisavam disputar comida, pois a caça e a pesca eram fartas.
Uma vez, nasceu um belo pé de bananeira. E a árvore era algo inédito na região. A estranha planta cresceu muito rápido e deu belíssimos e apetitosos frutos. Os pajés então avisaram que aquele vegetal era na verdade um ser sagrado e que como tal seus frutos eram proibidos para qualquer pessoa da tribo. Os pajés avisaram ainda que caso alguém desobedecesse a regra e tentasse comer uma fruta daquelas, desgraças terríveis aconteceriam: a caça se tornaria rara, as frutas secariam e até a terra iria tomar um formato diferente. Era permitido comer de tudo, menos os frutos da bananeira sagrada. Todos passaram a temer e a respeitar as ordens dos pajés. Mas houve um dia em que, ao amanhecer, todos correram para ver com espanto a primeira desgraça de muitas que ainda estavam por vir: um cacho da bananeira havia sido decepado. Todos se perguntavam, mas ninguém sabia dizer quem poderia ter feito aquilo. Antes que tivessem tempo para descobrir o culpado, a previsão dos mais velhos começou a acontecer. A terra começou a se mover e os céus tremiam em trovões. Todos os animais, da terra ou do céu, bateram em retirada. Um dilúvio começou a despencar e um enorme monte começou a brotar rasgando aquelas alagadas terras. E foi assim que nasceu o Monte Roraima. É por tudo isso que, até os dias de hoje, acredita-se que o monte Roraima chora quando de suas pedras caem pequenas gotas de água cristalina.





LENDA DA MANDIOCA



Todos os índios tem pele morena. Uns mais, outros menos, de acordo com cada região e com a nação a qual pertencem. Apenas Mani nasceu diferente. Era branca como o leite e tinha os cabelos mais amarelos que as espigas de milho maduras.
Muito antes de nascer, o cacique já havia sido avisado de sua vinda. Em sonhos, um espírito branco havia contado que eles ganhariam um presente sagrado de Tupã.
Quando nasceu, Mani, apesar de tão diferente, não chegou a causar espanto, mas encanto! Todos queriam vê-la e tocá-la, pois ela era um presente vindo de Tupã. E por ser diferente, chamava muita atenção. Todos diziam que ela era a mais bela índia que havia nascido na terra. Na tribo era tratada com uma jóia, uma coisa rara que eles deveriam preservar.
Mas tanto cuidado não evitou que Mani adoecesse como qualquer outra criança. Não teve reza nem remédio do pajé que desse jeito. A índia branca, para a desolação de todos, veio a morrer. Aos prantos, a tribo escolheu um local bem bonito para depositar o alvo corpo de Mani. E todos os dias, aqueles que tinham saudades, iam ao túmulo. Com o tempo, veio a Primavera. As flores e plantas novas começaram a brotar. Um dia alguém notou que onde Mani foi enterrada nasceu uma planta que ninguém conhecia. Ela era tão estranha quanto Mani quando nasceu. Todos ficaram felizes e todas as manhãs regavam o pequeno vegetal que crescia cada vez mais. Um dos índios cavou ao lado da planta e encontrou a raiz que mais parecia um caroço, um nódulo, uma batata. Partindo o pedaço da raiz viram que dentro era tão branco quanto a pequena Mani. Era como se a criança tivesse voltado naquele estranho vegetal de raiz esquisita. Por isso, deram-lhe o nome de "Mani oca", ou "carne de Mani". Depois a palavra acabou virando Mandioca como a conhecemos atualmente.





MAPINGUARI



Uma das características mais marcantes do Mapinguari é o odor insuportável que ele exala na mata. Os caboclos o descrevem como um bicho semelhante a um homem com o corpo coberto de pêlos, como um grande macaco, e com apenas um olho bem no meio da testa. Dizem também que a boca do Mapinguari é algo descomunal; tão grande que não termina no queixo, como a dos homens, mas na barriga. A pele dessa figura mitológica é descrita como parecida ao couro dos jacarés e ele tem nas costas uma espécie de armadura que se parece com um casco de tartaruga.
Ao contrário das outras visagens, o Mapinguari ataca mais durante o dia do que à noite. E há também os que dizem que o Mapinguari só aparece em dias santos. Dentro da mata, é fácil perceber o rastro de um Mapinguari: os arbustos ficam quebrados e o mato todo esmagado. Ao correr no meio da mata o Mapinguari solta gritos, da mesma forma como os caçadores fazem para se comunicarem uns com os outros. Ele faz isso para atrair a atenção dos caçadores e poder devorá-los com sua boca imensa. E dizem que começa pela cabeça da vítima!



IARA



Mãe D'Água, Iara, Uiara ou Ipupiara é uma lenda popular da amazônia. Iara é uma bela mulher, que possui um canto muito bonito e sedutor e que costuma banhar-se em nas enseadas ou nas águas dos rios. Segundo a lenda, o homem que vê Iara jamais esquece e enlouquecem de desejo a ponto de segui-la para onde ela for, até mesmo para as profundezas dos rios onde existe o seu reino.
Existe relatos na mitologia, de que certos homens foram levados pela Iara ao fundo do mar e conheceram um reino de belezas iniqualáveis, porém, de lá não podem trazer nada, sob o risco de ser castigado com doenças que só podem ser curadas por uma benzedeira.




GENTE QUE VIRA BICHO



Até mesmo nas periferias de algumas capitais da Amazônia, não é difícil ouvir histórias de gente que vira bicho. Imaginem no interior!
Tem gente que vira cavalo, porco, cobra, cachorro e assim vai. São pessoas que em noite de luar bonito se isolam da sociedade para cumprir seu destino solitário.
Cumprido o fado, o bicho volta a ser gente, veste suas roupas que ficaram escondidas em algum local ermo e volta para casa, como se nada tivesse acontecido, mas com apenas uma certeza no coração: na próxima noite de lua, o destino lhe baterá à porta novamente, até o final da vida.
A constante nessas histórias é o fato de que, o bicho-gente quando atingido de forma fatal, novamente se transforma em humano. Por isso, dizem que a única cura para o triste sofrimento de quem vira bicho é a morte. À boca pequena, as pessoas que viram bicho em geral são descritas como muito pálidas, "amarelonas" no linguajar popular. Também são muito caladas, talvez por temerem a revelação do fatídico segredo.
Há quem diga ter presenciado a transformação. Para ver uma cena dessas, dizem os caboclos, tem que ter muita coragem ou ser muito curioso, pois não é nada bonito de se ver. O ser, ainda em estado humano, retorce o corpo caído ao algum local escondido, amargando o cruel sofrimento que está por vir. A transformação pode ocorrer nas areias de alguma praia, no mato ralo à beira de alguma estrada ou em clareiras dentro de mata fechada, as chamadas capoeiras. Depois de muito se bater no chão, a transformação começa a acontecer e o bicho se levanta. Corre 7 encruzilhadas a judiar de todos por onde passa. Por isso mesmo, ganha inimizades a cada lua. Até que a comunidade se revolta contra o estranho animal e se combina para lhe abater. É o final de uma vida de sofrimentos e angústias.




LENDA DO GUARANÁ



Entre os Índios Maués nasceu um menino muito bonito, de bom coração e de inteligência fabulosa. Como era muito esperto e alegre todos na tribo o admiravam. Jurupari, o espírito do mal, ficou com inveja da criança e passou a espreitar para acabar com sua vida. A tarefa não era das mais fáceis, já que os outros índios sempre estavam à sua volta, principalmente os mais velhos que se sentiam na obrigação de protegê-lo. Mas Jurupari não sossegaria até fazer o mal ao pequeno. Num dia, o menino brincando acabou se afastando dos outros índios. Encontrou uma árvore e tentou colher uma fruta. Jurupari se aproveitou e, na forma de uma cobra, deu o bote sobre a criança, matando-o. A noite chegou e deram por falta da criança. Começou a procura por toda a tribo. Até que o encontraram morto aos pés da árvore. A notícia logo se espalhou com a tristeza geral na tribo. Todos lastimavam a inusitada morte da criança mais amada de toda a tribo dos Maués. Chorou-se por várias luas ao lado do corpo inerte.
Num dado momento durante o funeral, um raio caiu justamente ao lado do garoto morto. "Tupã também chora conosco", disse a mãe da criança, "vamos plantar os olhos de meu filho para que deles possa nascer uma planta que nos trará tanta felicidade quanto o menino em vida nos trouxe". E assim fizeram!
Foi assim que dos olhos do pequeno índio nasceu o guaraná, fruta viva e forte como a felicidadeque o pequeno indiozinho dava aos seus irmãos.

COBRA NORATO MARCHA SOLDADO

Num dia enquanto se refrescava no rio uma cunha, sentiu o roçar da Cobra Grande e depois de nove meses, nasceram gêmeos. Mas não eram curumins: eram duas cobras que receberam o nome de Honorato e Maria.
Honorato era amigo do povo ribeirinho, enquanto Maria era malvada e por isso era chamada de Maria Caninana.
A todas as maldades da irmã, Honorato conseguia livrar seus amigos. Honorato à noite sempre visitava sua mãe; escondido num canto livra-se da pele de cobra e virava um bonito moço. Numa dessas visitas a mãe conta-lhe que poderia ser homem para sempre se encontrasse um rapaz valente que despejasse leite de peito de moça parida na boca da Cobra Grande. Honorato muito procurou até que achou um rapaz fardado que o ajudou sem pensar e desde esse dia, transformado em moço, ele decidiu ser soldado.
A única memória que sobrou da vida de cobra é que, quando o ex-Cobra Norato marchava, seu passo meio que serpenteava pelo chão.





CEUCI, A VELHA GULOSA



Ceuci era uma velha gulosa, feiticeira a quem a fome não dava trégua. Um dia o índio Anambé em suas pescarias a enfrentou e acabou sendo pego por ela. Chegando em casa Ceuci deixou sua “pesca” e foi armar o moquém, para assar o moço, enquanto isso a cunha filha da feiticeira salva o pobre índio e ele foge. Ceuci saiu em sua perseguição, mas o esperto rapaz consegue com a ajuda dos seus amigos animais, fugir e voltar para casa depois de muitos anos encontrando o “colo” da sua mãe.

BAHIRA, O PAJÉ QUE ROUBOU O FOGO

No passado não havia fogo na tribo dos Kawahiwas e o dia-a-dia das mulheres era uma luta, então resolveram chorar suas mazelas junto ao pajé Bahira que resolveu sair em busca do fogo. Sabia que quem o tinha eram os urubus, fingiu então estar morto e quando eles se aproximaram pensando em banquetear-se Bahira roubou o fogo e fugiu tão rápido que conseguiu escapar. Para seu desespero entre a aldeia e o fogo ficava um rio bem largo e mesmo pedindo ajuda a muitos animais só o sapo Cururu é que conseguiu levar o fogo para a aldeia.




BOITATÁ



O Boitatá é o protetor dos campos iluminando a noite, conhecido como a cobra de fogo, possui os olhos grandes e furados e sua figura assusta as pessoas e os animais. E é contra os que incendeiam as florestas. Esta serpente de fogo reside na água e é muito temido, muitas vezes aparece nos campos sob a forma de um fantasma transparente e branco tornando-se mais assustador quando ilumina os campos com sua própria luz, assustando as pessoas e os animais. O Boitatá quando morre, acredita-se que ele libere toda a luz de seu corpo que levada pelo vento espalha-se pela região onde ele habitava





CAIPORA



No mato este habitante morador é um pequeno indígena que usa uma tanga, doido por cachaça e apaixonado pelo fumo, usa um cachimbo, sua aparência assemelha-se ao Curupira, tendo os pés normais, este é protetor dos animais e da floresta. Consiste sua atividade maior em espantar os animais para não morrer na mão do caçador e este quando encontra um caçador no mato procura andar sem rumo para que o caçador fique perdido na floresta e não encontre o caminho de volta para casa. Este pequeno índio muito ligeiro, possui o corpo cheio de pêlos, daí a razão do caçador não conseguir alcança-lo, andando sempre montado em um porco e na floresta galopando velozmente procurando cumprir sua missão. O Caipora emite um som estridente causando arrepios e pavor a todos os que o escutam. Em algumas regiões do Brasil o Caipora é conhecido como o Curupira.
Este gênio da floresta da mitologia do tupi muito ágil e fumante procura deixar as pessoas infelizes nos negócios daí a expressão nordestina Caipora, quer dizer falta de sorte. Este ligeiro menino que possui os olhos de brasa, e costuma cavalgar em um porco. É um caboclinho encantado, habitante da floresta e costuma ressuscitar os animais mortos sem sua permissão, este mito tupi-guarani é muito antigo no Brasil. O Caipora costuma fugir da claridade e é um gênio da floresta, costuma envolver o homem de maneira perigosa preservando a flora e a fauna.




A LENDA DO SACI PERERÊ



O Saci Pererê é um menino travesso de cor negra que possui uma perna, na cabeça usa uma carapuça ou gorro vermelho e fica o tempo todo fumando cachimbo, costuma correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e dar nó em suas crinas. O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente, é muito irrequieto e não para um instante sequer pois fica pulando em sua única perna de um lugar para outro e toda vez que apronta as suas travessuras, ele dá risadas alegres e agudas e gosta de assobiar principalmente quando não existe as noites de luar. O Saci Pererê é uma das lendas mais conhecidas em todo o Brasil e a ele é atribuída as coisas que dão errado, entra nas casas, apaga o fogo, faz queimar as comidas das panelas, seca a água das vasilhas, dá muito trabalho às pessoas escondendo os objetos que dificilmente irá ser encontrado novamente. Dizem que ele veio do meio do redemoinho e para espantá-lo as pessoas atiram uma faca no redemoinho que ele vai embora. Embora pertença ao folclore da região sudeste e sul, ele também foi introduzido ao folclore do norte por ser uma figura muito popular nesta região do país.



A LENDA DO AÇAÍ



Há muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma tribo indígena muito numerosa. Como os alimentos eram escassos, tornava-se muito difícil conseguir comida para todos os índios da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional de sua tribo. Até que um dia a filha do cacique, chamada IAÇÃ, deu à luz uma bonita menina, que também teve de ser sacrificada. IAÇÃ ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades de sua filhinha. Ficou vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício das crianças.
Certa noite de lua IAÇÃ ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao pé de uma esbelta palmeira. Inicialmente ficou estática, mas logo depois, lançou-se em direção à filha, abraçando - a . Porém misteriosamente sua filha desapareceu. IAÇÃ, inconsolável, chorou muito até desfalecer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros. Itaki então mandou que apanhassem os frutos em alguidar de madeira, obtendo um vinho avermelhado que batizou de AÇAÍ, em homenagem a sua filha (IAÇÃ invertido). Alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.





A LENDA DO MUIRAQUITÃ



A lenda do Muiraquitã é considerada um verdadeiro amuleto da sorte, que consiste num sapinho feito de pedra ou argila, é geralmente de cor verde, que era confeccionado em jade. Os indígenas contam a seguinte lenda: que estes batráquios, que eram confeccionados pelas índias que habitavam às margens do rio Amazonas. As belas índias nas noites de luar em que clareava a terra se dirigiam a um lago mais próximo e mergulhavam em suas águas retirando do fundo do lago bonitas pedras que modelavam rapidamente e ofereciam aos seus amados, como um verdadeiro talismã que pendurado ao pescoço levavam para caça, acreditando que traria boa sorte e felicidade ao guerreiro. Conta a lenda que até nos dias de hoje muitas pessoas acreditam que o Muiraquitã trás felicidade e é considerado um amuleto de sorte para quem o possui. O
Muiraquitã apresenta também outras formas de animais, como jacaré, tartaruga, onça, mas é na forma de sapo a mais procurada e representada por ser a lenda mais original. As Icamiabas ofertavam a seus parceiros Guacaris, tribo mais próxima de nossas Amazonas, após o acasalamento na festa dedicada a Iaci, entidade considerada mãe do Muiraquitã e que anualmente durava dias. Conta a lenda, que depois de manterem relações sexuais, as Icamiabas mergulhavam até o fundo lo lago espelho da lua, nas proximidades das nascentes do rio Nhamundá, perto do qual habitavam as índias, nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamavam de amazonas (mulheres sem maridos), para receber de Iaci o famoso talismã, o qual recebia as bênçãos da divindade. A lenda diz também, que se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os do sexo feminino.




A LENDA DO TAMBA TAJÁ



Na tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente. Um dia ele se apaixonou por uma bela índia de sua aldeia. Casaram-se logo depois e viviam muito felizes, até que um dia a índia ficou gravemente doente e paralítica. O índio Macuxi, para não se separar de sua amada, teceu uma tipóia e amarrou a índia à sua costa, levando-a para todos os lugares em que andava. Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a tipóia e constatou que a sua esposa tão querida estava morta.
O índio foi à floresta e cavou um buraco à beira de um igarapé. Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não havia mais razão para continuar vivendo.
Algumas luas se passaram. Chegou a lua cheia e naquele mesmo local começou a brotar na terra uma graciosa planta, espécie totalmente diferente e desconhecida de todos os índios Macuxis. Era a TAMBA TAJÁ, planta de folhas triangulares, de cor verde escura, trazendo em seu verso uma outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino. A união das duas folhas simboliza o grande amor existente entre o casal da tribo Macuxi.
O caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo a ela poderes místicos. Se, por exemplo, em uma determinada casa a planta crescer viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que existe muito amor naquela casa. Mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta apresenta mais de uma folhinha em seu verso, acredita-se então que existe infidelidade entre o casal. De qualquer modo, vale a pena cultivar em casa um pezinho de TAMBA TAJÁ.



A LENDA DO UIRAPURU



Um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa do grande cacique. Como não poderia se aproximar dela, pediu à Tupã que o transformasse em um pássaro.
Tupã transformou - o em um pássaro vermelho telha, que à noite cantava para sua amada. Porém foi o cacique que notou seu canto. Ficou tão fascinado que perseguiu o pássaro para prendê-lo. O Uirapuru vôou para a floresta e o cacique se perdeu.
À noite, o Uirapuru voltou e cantou para sua amada. Canta sempre, esperando que um dia ela descubra o seu canto e o seu encanto.
É por isso que o Uirapuru é considerado um amuleto destinado a proporcionar felicidade nos negócios e no amor.






A LENDA DO PEIXE BOI



Para explicar a origem do Peixe Boi os índios contavam uma lenda que dizia que em uma certa tribo indígena, habitante do vale do Rio Solimões, no Amazonas, foi realizada uma grande festa da moça nova e pela ação de Curumi.
O pajé mandou que a moça nova e o Curumi mergulhassem nas águas do rio. Quando mergulharam o pajé jogou, em cima de cada um deles, uma tala de canarana. Quando voltaram à tona já haviam se transformado em PEIXE BOI.
A partir deste casal nasceram todos os outros peixes-boi. É por esse motivo que eles se alimentam de canarana.

A LENDA DA LUA

Outra lenda indígena conta sobre a origem da lua. Manduka namorava sua irmã. Todas as noites ia deitar com ela, mas não mostrava o rosto e nem falava, para não ser identificado. A irmã, tentando descobrir quem era, passou tinta de jenipapo no rosto de Manduka. Manduka lavou o rosto porém a marca da tinta não saiu. Então ela descobriu quem era. Ficou com vergonha, muito brava e chorou muito. Manduka também ficou com vergonha pois todos passaram a saber o que ele havia feito.
Então Manduka subiu numa árvore que ia até o céu. Depois desceu e foi dizer aos Jurunas que ia voltar pra árvore e não desceria nunca mais. Levou uma cotia pra não se sentir muito só. Aí virou lua. E é por isso que a lua tem manchas escuras, por causa do jenipapo que a irmã passou em Manduka. No meio da lua costuma aparecer uma cotia comendo coco. É a outra mancha que a lua tem.





A LENDA DOS RIOS



A origem dos rios Xingu e Amazonas também faz parte do imaginário indígena. Dizem que antigamente era tudo seco. Juruna morava dentro do mato e não tinha água nem rio. Juriti era a dona da água, que a guardava em três tambores.
Os filhos de Cinaã estavam com sede e foram pedir água para o passarinho, que não deu e disse: "Seu pai é Pajé muito grande, porque não dá água para vocês?" Aí voltaram para casa chorando muito. Cinaã perguntou porque estavam chorando e eles contaram. Cinaã disse para eles não irem mais lá que era perigoso, tinha peixe dentro dos tambores. Mas eles foram assim mesmo e quebraram os tambores. Quando a água saiu, Juriti virou bicho. Os irmãos pularam longe, mas o peixe grande que estava lá dentro engoliu Rubiatá (um dos irmãos), que ficou com as pernas fora da boca. Os outros dois irmãos começaram a correr e foram fazendo rios e cachoeiras. O peixe grande foi atrás levando água e fazendo o rio Xingu. Continuaram até chegar no Amazonas. Lá os irmãos pegaram Rubiatá, que estava morto. Cortaram suas pernas, pegaram o sangue e sopraram. Rubiatá virou gente novamente. Depois eles sopraram a água lá no Amazonas e o rio ficou muito largo. Voltaram para casa e disseram que haviam quebrado os tambores e que teriam água por toda a vida para beber.

A LENDA DO SOL

Para os índios o sol era gente e se chamava KUANDÚ. Kuandú tinha três filhos: um é o sol que aparece na seca; o outro, mais novo, sai na chuva e o filho do meio ajuda os outros dois quando estão cansados.
Há muito tempo um índio Juruna teria comido o pai de KUANDÚ.Por isso este queria se vingar. Uma vez Kuandú estava bravo e foi para o mato pegar coco. Lá encontrou Juruna em uma palmeira inajá. Kuandú disse que ele ia morrer, mas Juruna foi mais rápido acertando Kuandú com um cacho na cabeça. Aí tudo escureceu. As crianças começaram a morrer de fome porque Juruna não podia trabalhar na roça e nem pescar. Estava tudo escuro. A mulher de Kuandú mandou o filho sair de casa e ficou claro de novo. Mas só um pouco porque era muito quente para ele. O filho não aguentou e voltou para casa. Escureceu de novo. E assim ficaram os 3 filhos de Kuandú. Entrando e saindo de casa. Portanto, quando é seca e sol forte é o filho mais velho que está fora de casa. Quando é sol mais fraco é o filho mais novo. O filho do meio só aparece quando os irmãos ficam cansados.

A LENDA DE QUEM TE DERA

A lenda de Quem te dera teve sua origem no município de Irituia e pertence ao folclore desta cidade. Conta a lenda que uma mulher magra e com poderes sobrenaturais e com sua maldade, fazia com que os homens a servissem como cavalo, colocando-lhes cabresto e sela e que os mesmos percorressem grandes distâncias e sempre com ela montada nas suas costas. E aplicava um castigo ao homem que negava passar a noite em companhia desta terrível mulher. E esta maldosa mulher, costumava açoitar durante todo o percurso os homens que submetidos aos seus caprichos, sendo eles fortes ou não, eram encontrados no dia seguinte com o corpo todo marcado e dolorido pelos açoites da Quem te dera.

A LENDA DO PIRARUCU

A lenda do Pirarucu teve sua origem nas águas amazônicas e este peixe é um dos maiores peixes de escama do Brasil. E para explicar sua origem os índios costumam contar a seguinte lenda. O Pirarucu era um índio guerreiro da nação dos Nalas e que este jovem índio era muito valente e muito orgulhoso, vaidoso e injusto e gostava de praticar a maldade. Foi então que o Deus Tupã resolveu castiga-lo por todas as suas maldades e pediu a Deusa Luruauaçu que fizesse cair uma grande tempestade e assim aconteceu. Uma forte chuva caiu do céu sobre a floresta de Xandoré, o demônio que odeia os homens começou a mandar raios e trovões tornando a floresta toda eletrizada pelos fortes relâmpagos e o forte guerreiro chamado de Pirarucu encontrava-se na hora da chuva caçando na floresta e tentou fugir, mas não conseguiu, vencido pela força do vento caiu ao chão e um raio partiu uma árvore muito grande que caiu sobre a cabeça do jovem guerreiro, achatando-lhe totalmente. O jovem guerreiro teve seu corpo desfalecido, carregado facilmente pela enxurrada para as profundezas do rio Tocantins, mas na floresta Xandoré o Deus Tupã ainda não estava satisfeito e resolveu transforma-lo aplicando-lhe um castigo severo e transformou o jovem guerreiro num peixe avermelhado de grandes escamas e cabeça chata e é este peixe Pirarucu que habita os rios da Amazônia.

A LENDA DO ELDORADO

No século XVI exploradores se aventuraram pelo interior da Amazônia, buscando a todo custo, aquilo que chamavam de Eldorado... Os espanhóis colonizadores das Américas assim acreditavam. A cidade tinha até um nome: Manoa. E em conseqüência muitas expedições dirigiram-se a região, destacando-se a de Gonzalo, Pizarro e Francisco de Orellana. Como muitos objetos de ouro foram encontrados durante a conquista, os espanhóis achavam que ainda faltava encontrar o lugar de onde vinha o ouro. Na verdade, certo rei ou sacerdote do povo muísca em cerimônia anual de fundo religioso, onde tava o corpo com um óleo perfumado e era coberto de ouro em pó. Em seguida, numa jangada, ia banhar-se em um lago que uns acreditavam ser guatativa, na Colômbia e outros Parina, próximo ao rio Orenoco, e outros, ainda nas Guianas. Após mergulhar, seu povo jogava objetos de ouro em culto aos deuses...
E o Eldorado, será que não passa de lenda?
Quem conhece a Serra de Carajás e sabe que é a maior província mineral do mundo. Com 1500 toneladas de ouro no município de Curionópolis, não se tem a menor dúvida: O Eldorado existe. É no Pará.

A LENDA DAS AMAZONAS

Em 1541, após descer o afluente Napo e chegar ao então Mar Dulce, nome que Pinzon deu ao Rio Amazonas, eis que Francisco Orellana é atacado por uma tribo de mulheres que, no testemunho de Frei Gaspar Carvajal, “são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça. São muito membrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios”. Em seu relato Carvajal narra a seguir que embora abatessem vários índios que eram comandados pelas mulheres e mesmo algumas destas, os espanhóis se viram obrigados a fugir, tendo, porém capturado um índio. Este mais tarde, ao ser interrogado, declarou pertencer a uma tribo cujo chefe, senhor de toda a área, era súdito das mulheres guerreiras, que eram acompanhadas pela chefe Canhori. O prisioneiro, respondendo a várias perguntas do comandante, disse que as mulheres não eram casadas e que sabia existir setenta aldeias delas. Descreveu a casa das mulheres como sendo de pedra e com portas, sendo todas as aldeias bastante vigiadas. Disse ainda que elas pariam mesmo sem ser casadas porque, quando tinham desejo, levavam os homens de tribos vizinhas à força, ficando com eles até emprenharem, quando então os mandavam embora. Quando tinham a criança, se homem era morto ou então mandavam para que o pai o criasse, se era mulher, com elas ficavam e a menina era educada conforme as suas tradições guerreiras, seus hábitos e suas riquezas, pois tais mulheres possuíam muito ouro e prata.

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