sábado, 28 de novembro de 2009

ALEXANDRE REI DA MACEDONIA




Busto de Alexandre, o Grande


Alexandre, o Grande. Uma das personalidades mais fascinantes da história. Responsável pela construção de um dos maiores impérios que já existiu. Sua inteligência e gênio estratégico se tornaram lendários. Alguns de seus contemporâneos chegaram até a supor que ele fosse filho de Zeus, o líder dos deuses do Olimpo.

Na verdade, Alexandre não era um deus, e nem um semideus, mas um apenas um homem, com qualidades excepcionais, mas ainda assim um homem. Vamos ver a seguir um pouco de sua vida e da época em que ele viveu. Mas antes de falarmos dele, vamos falar um pouco da Grécia Antiga - cuja cultura Alexandre difundiu para outras partes do mundo - e da Macedônia, a região onde esse conquistador, filho do rei Filipe 2º, nasceu.


O mundo grego
As cidades da Grécia antiga funcionavam como "países" ou Estados independentes, cada uma com seu próprio governo e suas próprias leis. Um grego nascido em uma cidade seria considerado estrangeiro em outra. Por isso, as cidades da Grécia antiga são chamadas de cidades-Estados.


A Guerra do Peloponeso
Embora compartilhassem a mesma língua, cultura e religião, os antigos gregos estavam divididos politicamente. Não raro, uma cidade grega estava em guerra contra outra. Uma dessas guerras foi a Guerra do Peloponeso, que durou quase 30 anos. A Guerra do Peloponeso foi travada entre as duas mais poderosas cidades-Estado da Grécia Antiga: Atenas e Esparta, que disputaram a hegemonia sobre a região.

Quase todas as cidades-Estado gregas se envolveram ou foram envolvidas no conflito, algumas se aliaram a Atenas, enquanto outras se aliaram a Esparta. Essa guerra teve início no ano 431 a.C e terminou somente em 404 a.C., quando Atenas rendeu-se a Esparta. Uma das conseqüências da Guerra do Peloponeso foi o extremo empobrecimento da população grega: os pobres ficaram ainda mais pobres e foram os que mais sofreram.

Contudo, enquanto as cidades-Estado gregas lutavam entre si, um reino vizinho, a Macedônia, ganhava força.


O Reino da Macedônia
A Macedônia localizava-se na península dos Bálcãs, também chamada de península Balcânica, a nordeste da Grécia. A maioria da população era formada por camponeses livres, cujas principais ocupações eram o cultivo de terras e a criação de gado. A língua falada na Macedônia era parecida com a falada na Grécia, mas não era exatamente a mesma.

Apesar das semelhanças culturais, os antigos gregos viam com desprezo o povo da Macedônia. Na visão preconceituosa dos antigos gregos, os macedônios não passavam de montanheses ignorantes que pouco diferiam dos povos chamados de "bárbaros". Em 359 a.C., aos 23 anos de idade, Filipe tornou-se rei da Macedônia, com o nome de Filipe 2º.

Antes disso, ele havia passado três anos como refém em Tebas, uma cidade grega, onde aprendeu as mais avançadas táticas militares da época e testemunhou as violentas batalhas entre as cidades gregas. Filipe 2º aplicou tudo o que aprendeu em Tebas para organizar um exército poderoso e bem treinado.


O exército de Filipe da Macedônia
A cavalaria do exército de Filipe 2º era toda formada por membros da nobreza (o grupo privilegiado) enquanto que a infantaria (o grupo de soldados que lutam a pé, sem montaria) era formada por homens livres pobres. Ao transformar a Macedônia numa potência militar, Filipe 2º deu início à conquista da Grécia, que já se encontrava enfraquecida em decorrência da Guerra do Peloponeso.

O ateniense Demóstenes liderou uma união das cidades gregas contra a invasão macedônia. No entanto, essa união não foi suficiente para vencer o exército macedônio, que era muito mais bem treinado, e os gregos acabaram sendo derrotados definitivamente em 338 a.C. na batalha de Queronéia, nome de outra cidade grega.


Guerra contra a Pérsia
Após ter conquistado a Grécia, Filipe 2º começou a planejar uma guerra contra a Pérsia, região que corresponde mais ou menos ao Irã atual. Os persas eram donos de um grande império e vários povos estavam sob o seu domínio. Os tesouros dos reis persas e as terras férteis desse império atraíram o interesse do rei macedônio.

No entanto, Filipe 2º foi assassinado durante a festa de casamento de sua filha, quando já havia iniciado os preparativos para a guerra contra os persas. O assassino era supostamente um ex-amante rancoroso (tanto na Grécia quanto na Macedônia, era socialmente aceito que um homem tivesse amantes de ambos os sexos).

Também se suspeitou que Alexandre tivesse tramado o assassinato do próprio pai. Já segundo o historiador grego Plutarco, o assassinato foi tramado pelo recém coroado rei da Pérsia, Dario 3º.


Alexandre sobe ao trono
Com a morte do pai, Alexandre, que tinha então 20 anos, se tornou o novo rei da Macedônia. Antes de se tornar rei, o jovem Alexandre já tinha experiência política e militar. Aos 16 anos, quando o pai liderou um ataque contra a cidade de Bizâncio (atual Istambul, na Turquia), em 340 a.C., Alexandre assumiu temporariamente o reino da Macedônia. Alexandre também auxiliou o pai na batalha de Queronéia, liderando a cavalaria.

Apesar de violento, Alexandre também era culto e sofisticado. Ele adquiriu uma sólida formação cultural graças às aulas que recebeu de Aristóteles, um dos maiores filósofos da Antigüidade. Aristóteles estudou na Academia de Platão, importante filósofo grego. Foi Filipe 2º quem confiou a educação de Alexandre aos cuidados de Aristóteles.


A conquista do Egito
Em 334 a.C., Alexandre liderou um exército de milhares de homens e atravessou a Ásia Menor. Esse exército era formado por macedônios e gregos. Além dos soldados, Alexandre também levou sábios da época para estudar a fauna e flora local e cartografar o terreno.O interesse de Alexandre pela ciência foi estimulado pelas aulas que teve com seu mestre.

Durante a campanha, o jovem rei conquistou o litoral da Ásia Menor, marchou contra a Síria e derrotou o exército persa na batalha de Isso. Também dominou Tiro, cidade portuária que era considerada inconquistável. Após a conquista dessa cidade, milhares de pessoas foram mortas e um e outras milhares foram escravizadas, pois Alexandre punia com a morte ou com a escravidão a população das cidades que ousassem resistir.

Depois disso, o exército de Alexandre avançou rumo ao Egito, onde não encontrou resistência. Para os egípcios, Alexandre foi considerado um libertador, porque os livrou do domínio persa. Por isso, os sacerdotes egípcios manifestaram sua gratidão fazendo de Alexandre um novo faraó. Vale lembrar que, no Egito, os faraós eram considerados deuses, o que dá uma idéia de como Alexandre era visto em sua época.

Alexandre aproveitou a ocasião e fundou uma nova cidade no Egito, Alexandria, que veio a se tornar local de uma das maiores bibliotecas da Antigüidade e um importante centro cultural nos séculos seguintes.


A queda do Império Persa
Do Egito, Alexandre marchou com seus soldados em direção à Mesopotâmia. O exército persa era mais numeroso que o de Alexandre e contava com cavalaria, elefantes (que eram usados nos campos de batalha mais ou menos como os atuais tanques de guerra) e carruagens com rodas cujos eixos tinham lâminas pontiagudas.

Quando essas carruagens corriam nos campos de batalha, essas lâminas giravam junto com as rodas e cortavam os soldados inimigos que estivessem no caminho. Apesar disso tudo, o exército persa acabou derrotado. Uma das razões para a derrota foi o fato de que os persas lutavam desmotivados: o rei Dario 3º havia obrigado os homens a se alistarem para a guerra.

O rei persa fugiu. Depois disso, o exército de Alexandre passou pelas cidades da Babilônia e de Persépolis. Essa última foi incendiada por ordem de Alexandre para vingar a destruição de Atenas pelos persas mais de 150 anos antes. Quando Alexandre finalmente alcançou Dario, este acabou morto por membros da sua própria corte.


Ambição sem limites de Alexandre
A ambição de Alexandre não conhecia limites. Não bastassem as conquistas já realizadas, ele decidiu invadir a Ásia Central, atravessando o que hoje é o Afeganistão em direção ao norte da Índia. A resistência da população local foi muito forte. Somente após três anos de luta e massacres o exército de Alexandre conseguiu conquistar uma pequena parte da região.

Alexandre pretendia penetrar ainda mais no território da Índia, mas os seus soldados, tanto gregos quanto macedônios, estavam cansados de guerras intermináveis e difíceis e se recusaram a prosseguir. A contragosto, em 325 a.C, Alexandre se viu obrigado a abandonar seus planos de novas conquistas.

Como resultado de todas essas campanhas, Alexandre criou um império que se estendia da Grécia ao rio Indo. Ele não voltou para a Macedônia, permanecendo na Babilônia. Imitando os antigos reis persas, ele cercou-se de luxo e até ordenou que seus nobres se ajoelhassem diante dele e beijassem sua mão.

Em 323 a.C, aos 33 anos incompletos, Alexandre morreu, vitimado por uma febre. Seus generais começaram a disputar o poder entre si. O vasto império acabou se dividindo em reinos menores, dos quais os mais importantes eram os da Macedônia, da Síria e do Egito. Os generais de Alexandre se tornaram os governantes desses reinos.


O legado de Alexandre, o Grande
Alexandre contribuiu para a difusão da cultura grega no Oriente. Suas conquistas aproximaram Ocidente e Oriente, dando origem a uma nova cultura, a helenística, resultado da mistura das culturas ocidental e oriental. Em grande parte, essa mistura foi estimulada pelo próprio Alexandre, que além de ser tolerante em relação à religião e cultura dos povos conquistados, incentivava que os homens do exército se casassem com mulheres orientais. Ele próprio deu o exemplo, casando-se com três princesas persas. Ele teve dois filhos: um com uma de suas esposas e o outro com uma de suas concubinas.

Por fim, a figura de Alexandre acabou servindo de inspiração para outro líder militar que viveu depois dele: Júlio César, o general romano que fundamentou as bases do que veio a se tornar o Império Romano.


A sexualidade de Alexandre
Um dos aspectos que mais atrai a curiosidade do público atual a respeito de Alexandre é o fato de que, segundo várias fontes, Alexandre não escondia o fato de que mantinha relações sexuais com homens e mulheres. Esse aspecto foi bastante reforçado no filme "Alexandre", dirigido pelo cineasta norte-americano Oliver Stone. Segundo essas fontes, apesar de seus casamentos e filhos, Alexandre preferia a companhia de um dos seus amantes.

No entanto, de acordo com algumas dessas mesmas fontes, Alexandre condenava relacionamentos baseados apenas na atração física. Curiosamente, para alguns, no mundo grego, a homossexualidade masculina era tolerada apenas quando envolvesse o relacionamento de homens mais velhos com homens mais jovens (na visão dos gregos, a beleza era um atributo das pessoas jovens, tanto moças, quanto rapazes).

O que chamava a atenção no caso de Alexandre foi o fato de ter mantido relacionamentos com homens que tinham praticamente a mesma idade que ele. Por outro lado, muitos dos relatos a respeito da vida sexual ou amorosa de Alexandre são vistos com reservas, pois foram escritos muitos séculos depois de sua morte.



Alexandre, filho de Filipe da Macedônia, tornou-se rei em 338 a.C.


Conta a lenda que a mãe de Alexandre, Olympia, no momento da concepção, sonhou que uma serpente entrou silenciosamente no seu quarto. Insinuando-se entre os cobertores, deslizou entre suas pernas e seus seios, e a possuiu sem machucá-la. E o seu sêmen se misturou com aquele que o marido, o rei Filipe 2º, lhe dera momentos antes de ser vencido pelo sono e pelo vinho.

Alexandre era filho de Filipe da Macedônia, que se tornou rei em 338 a.C., dominando toda a Grécia, com exceção de Esparta. Aos 13 anos recebeu como preceptor ninguém menos que Aristóteles, um dos homens mais sábios de sua época e de todos os tempos. Com ele, Alexandre aprendeu as mais variadas disciplinas: retórica, política, ética, ciências físicas e naturais, medicina, geografia; e conheceu as obras de autores como Eurípides e Píndaro.

Ao mesmo tempo, o príncipe se interessava pelas artes marciais e pela domesticação de cavalos. Na arte da guerra, Filipe 2º, militar experiente e corajoso, instruiu o filho com conhecimentos de estratégia e de comando. Alexandre, com 18 anos, pôde mostrar seu talento quando, à frente de um esquadrão de cavalaria, venceu o batalhão sagrado de Tebas, na Batalha de Queronéia, em 338 a.C.

Depois do assassinato de seu pai em 336 a.C., Alexandre assumiu o trono da Macedônia enfrentando resistência em algumas cidades gregas. Com o poder nas mãos, o jovem rei que viria a ser conhecido como Magno (ou o Grande) deu início à expansão territorial do reino e ao seu ambicioso projeto de conquistar o Império Persa. Contava com um exército poderoso e organizado, dividido em infantaria, cuja principal arma eram lanças de grande comprimento, e em cavalaria, que constituía a base do ataque rápido ao inimigo.

Em 334 a.C., Alexandre cruzou o Helesponto - o estreito de Dardanelos, na atual Turquia -, e já na Ásia avançou até o rio Granico, onde enfrentou os persas pela primeira vez e alcançou a vitória. Prosseguiu triunfante em sua jornada, arrebatando cidades aos persas, até chegar a Górdia. Diante das perdas, o rei da Pérsia, Dario 3º, foi ao encontro do inimigo. Na batalha de Isso, em 333 a.C., consumou-se a derrota dos persas e começou o ocaso do grande império.

Em seguida, Alexandre empreendeu a conquista da Síria em 332 a.C. e entrou no Egito. Seu sonho, além de aumentar em poder e em glória, era unir a cultura oriental à ocidental. Respeitou os antigos cultos aos deuses egípcios e até se apresentou no santuário do Oásis de Siwa, onde foi reconhecido como filho de Amon e sucessor dos faraós. Mas a tendência à fusão das duas culturas gerou desconfianças entre seus oficiais macedônios e gregos, que temiam um excessivo afastamento dos ideais helênicos por parte de seu monarca.

Em 332 a.C. fundou, no Egito, Alexandria cidade que viria a converter-se num dos grandes focos culturais da Antigüidade. Um ano depois, Alexandre enfrentou novamente Dario 3º na batalha de Gaugamela, cujo resultado determinou a queda definitiva da Pérsia em poder dos macedônios. Morto Dario, Alexandre foi proclamado rei e sucessor da dinastia persa em 330 a.C.

No ano 328 a.C casou-se com Roxana, filha do governante da Bactriana, com quem teve um filho de nome Alexandre 4o. Em 327 a.C. dirigiu suas tropas para a Índia, onde fundou colônias militares e cidades, entre as quais Nicéia e Bucéfala, às margens do Rio Hidaspe. Ao chegar ao Rio Bias, porém, suas tropas, exaustas, se negaram a continuar.

Alexandre decidiu regressar à Pérsia, viagem penosa, sob o ataque de povos hostis, na qual foi ferido mortalmente e acometido de uma febre misteriosa, que nenhum de seus médicos soube curar. Alexandre morreu na Babilônia, a 13 de junho de 323 a.C., com apenas 33 anos.

O império que edificou, em 12 anos, ia do rio Indo ao Nilo, com as culturas helênica e oriental interpenetrando-se e produzindo uma nova civilização que talvez tenha sido o maior legado de Alexandre à humanidade.

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